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O número 13
sempre teve um significado especial nas mais diferentes culturas. Na maioria
delas, o algarismo é associado ao azar. Em muitos países o 13 não aparece
escrito nos andares de prédios, nos assentos de teatro e nas plataformas de
trem. A fobia do 13 está presente em todos os segmentos: no tarô, o 13 é o
número do arcano “A Morte”; na fórmula 1, não existia o carro n° 13 até o ano
passado; e na política, 13 é o número eleitoral de um certo partido malfadado. No
entanto, a superstição em torno do número atômico do alumínio é antiga, vinda
dos tempos da Santa Ceia, quando Jesus e seus doze apóstolos (treze pessoas)
sentaram-se à mesa pela última vez.
O mais
emblemático símbolo do mau agouro trazido pelo dígito é a sexta-feira 13. A
culpa seria do rei da França, Filipe IV, que, no século XIV, amaldiçoou a data
ao torturar até a morte a Ordem dos Cavaleiros Templários, a qual julgava
ilegal. Mas não é preciso voltar tanto na história para achar um mau presságio
relacionado ao dia. Em 1968, o AI-5, o mais duro e cruel decreto da ditadura
militar, foi baixado em uma sexta-feira 13. Existe, porém, quem venere o número.
O caso mais conhecido é de Zagallo.
A crendice de Zagallo nasceu graças à esposa, devota de Santo Antônio, celebrado justamente no dia 13 (de junho). |
Mario Jorge
Lobo Zagallo casou-se no dia 13, mora no 13° andar e a vida toda
dirigiu um carro com a placa 1313 — muito provavelmente o mesmo dígito de suas
senhas bancárias. O ex-jogador e ex-técnico da Seleção Brasileira sempre cultivou
uma relação toda especial com o algarismo, associando o 13 ao número de letras de determinadas palavras em seus sucessos no
futebol (por exemplo, “Zagallo + título” somam treze letras). Em
1970, Zagallo se tornou o primeiro treinador a ser campeão mundial após
conquistar o título como jogador. Um feito mais por competência do que por superstição.
Ao assumir o
cargo, a três meses da Copa, Zagallo transformou as “feras de Saldanha” em um
time de futebol. Félix se firmou como titular, Piazza passou à quarto-zagueiro,
Clodoaldo virou volante e Everaldo ganhou a vaga de Marco Antônio na
lateral-esquerda. Na última partida antes da viagem para o México, em abril,
contra a Áustria, no Maracanã, Rivellino recebeu de Zagallo a camisa 11. E fez
o gol da vitória, por 1 a 0. [Rivellino
onze: 13 letras]
Nos vestiários, após a partida, o zagueiro Brito armou uma armadilha para cortar o bigode de Rivellino. Mas desistiu depois que Riva implorou para que não o cortasse. [bigode poupado: 13 letras] |
A campanha de
seis vitórias, com altos e baixos, mostrou o problema do treinador em escalar o
mesmo time duas vezes seguidas. Devido a contusões no decorrer do torneio,
apenas na final Zagallo conseguiu manter a escalação da partida anterior — no
caso, a semifinal contra o Uruguai. [equipe
mantida: 13 letras]
O duelo do
dia 21 de junho, na Cidade do México, não era apenas a decisão de um título
mundial. Os bicampeões Brasil e Itália lutavam pela posse definitiva da taça
Jules Rimet. O Brasil esperava por esse momento desde 1962, no Chile. A Itália há
mais tempo: desde 1938, na França. Somente o vencedor teria o direito de levar
o troféu para casa. [Brasil campeão: 13
letras]
A Itália
estava invicta havia 18 partidas. Sua última derrota acontera em abril de 1968,
contra a Bulgária (3 a 2), pelas eliminatórias da Eurocopa. Entretanto, a
campanha na fase de grupos do Mundial tinha sido sofrível: dois empates sem
gols, com Uruguai e Israel, e uma vitória magra sobre a Suécia (1 a 0). Só a
partir das quartas, na goleada por 4 a 1 sobre o México, a Azzurra passou a
jogar o futebol que a credenciou entre as favoritas. [Itália invicta: 13 letras]
Invicta, mas
cansada. A seleção italiana vinha de uma desgastante semifinal contra os
alemães, que exigiu muito dos jogadores. Antes da final, o capitão Facchetti
chegou a declarar que enfrentar o Brasil depois da batalha contra a Alemanha
Ocidental era um castigo. “Se vencermos poderemos realmente nos considerar os
melhores do mundo, já que teremos derrotado Pelé e Beckenbauer”, completou o
zagueiro. [Itália cansada: 13 letras]
Quando as
equipes subiram ao gramado do estádio Azteca, a surpresa foi geral. O goleiro
Félix, pela primeira vez na Copa, vestia luvas. Alguns jogadores mais
superticiosos tentaram convencê-lo a tirar o acessório, mas o arqueiro foi
enfático: “Não. Vou mostrar que eu também sei jogar com luvas”. Aparentemente, o técnico
Zagallo havia aprovado a atitude do goleiro. [Félix com luvas: 13 letras]
Apesar de não gostar do acessório, Félix foi o primeiro goleiro brasileiro a usar luvas em uma Copa do Mundo. A atitude era uma afronta à imprensa que o criticava. [crítica à Félix: 13 letras] |
O predomínio do Brasil foi absoluto desde o
pontapé inicial. O primeiro gol saiu aos 18min, numa cobrança de lateral de
Tostão. Rivellino alçou a bola na área e Pelé, contrariando a lei da gravidade,
voou mais alto que o zagueiro Burgnich para, de cabeça, fazer 1 a 0. A mágica
capacidade do Rei em permanecer no ar o tempo que quisesse impressionou o
capitão italiano Facchetti. [Pelé parou no ar: 13 letras]
Pelé marca o primeiro. Na tribuna do estádio Jalisco, em Guadalajara, uma placa homenageia o Rei, citando-o como um exemplo a ser seguido pela juventude. [Pelé no Jalisco: 13 letras] |
A
superioridade brasileira era tanta que o time acabou relaxando. Aos 37min, Brito passou a bola de cabeça até Clodoaldo, que tentou um toque de
calcanhar e entregou de bandeja para Boninsegna. O atacante italiano ganhou a
dividida com Brito e Félix, e, com o gol aberto, empatou a partida. Um erro impressionante que tirou Zagallo do sério. [Bobeada
da zaga: 13 letras]
O ‘sacode’ no
intervalo deu resultado. O Brasil voltou arrasador no segundo tempo. Aos 21min,
Jairzinho tentou avançar pelo meio e foi desarmado. A bola sobrou para Gérson,
que dominou e, de fora da área, mandou uma bomba de esquerda, sem a menor
chance para Albertosi. [Canhota de Ouro:
13 letras]
Apesar das grandes atuações no Mundial, o Canhota só marcou seu primeiro — e único — gol na final da Copa. [bomba de Gérson: 13 letras] |
Quatro
minutos depois, Gérson voltou a brilhar. O Canhota lançou do meio-campo na
cabeça de Pelé, dentro da área. O Rei ajeitou para a chegada de Jairzinho, que
dominou na coxa e, de leve, empurrou para o fundo das redes. Era o sétimo gol
de Jair na competição. O placar de 3 a 1 praticamente definia o título a favor
do Brasil. [Furacão da Copa: 13 letras]
A seis
minutos do fim, o técnico italiano Ferruccio Valcareggi resolveu colocar Rivera,
um dos destaques da Azzurra no torneio, no lugar de Boninsegna. O atacante havia
sido o autor do gol da classificação na semifinal contra os alemães e, inexplicavelmente,
não começou jogando. Um minuto depois da alteração, o Brasil liquidou a fatura.
[Rivera no banco: 13 letras]
Jairzinho foi o único jogador a marcar gols em todos os jogos de um time campeão. [Jairzinho sete: 13 letras] |
O quarto gol
foi uma pintura. Apenas três jogadores não tocaram na bola nos instantes que
culminaram no lance: Brito, Everaldo e o goleiro Félix. Da sequência de dribles
de Clodoaldo — nenhum deles de calcanhar —, a bola caiu nos pés de Rivellino,
que enfiou na ponta para Jairzinho. O ‘Furacão’ cortou para o meio e entregou à
Pelé. O Rei dominou com a calma de sempre, ajeitou para a perna direita e, sem
ver a posição do companheiro, rolou com açúcar para a chegada de Carlos Alberto.
Um chute forte, rasante e indefensável no canto direito do pobre goleiro
italiano. 4 a 1: a vitória tinha virado goleada. [Passe sem olhar: 13 letras]
O Brasil de 70 foi a primeira seleção a vencer seis partidas seguidas em uma Copa do Mundo. O próprio Brasil, em 2002, quebraria o recorde, com sete vitórias seguidas. [Chute do "Capita": 13 letras] |
O árbitro alemão
Rudolf Glöckner nem havia apitado o final da partida e os torcedores — o 12°
jogador — já estavam dentro do campo. Brasileiros de sombreiros e sarape (capa
grande) e mexicanos com a amarelinha por baixo do peito abraçaram seus ídolos
e, não satisfeitos, levaram suas camisas, suas chuteiras e até seus calções. [Pelé só de cueca: 13 letras]
Pelé vestiu três camisas no dia da final. Uma no primeiro tempo, uma no segundo tempo e outra na cerimônia de entrega da taça. [Pelé carregado: 13 letras] |
E para não
dizer que a superstição abandonou Zagallo durante a campanha do tri, ela estava
presente na famosa marchinha “Pra frente Brasil”, de Miguel Gustavo. “Salve a
Seleção” tem treze letras.
O técnico Zagallo é carregado pelos torcedores. [Zagallo e o povo: 13 letras] |
Selo comemorativo do tricampeonato, em 1970. [Selo do Correio: 13 letras] |
Genial! Esta coluna deveria chegar ao velho lobo, que certamente ficaria muito lisonjeado. (Zagallo Alegre - 13 letras)
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ResponderExcluirQUINTETO TREZE
ResponderExcluirArte pura, Milan;
Zagallo rabudo
treze as letras
uma vírgula e um
ponto e vírgula