[Nota
do autor: O Brasil já estava certo para sediar a Copa em 1942. A decisão
foi tomada em 1940, quando a FIFA determinou que a Europa não teria condições
de abrigar um Mundial devido à guerra. Mas a Copa foi cancelada. Porém, em
1942, a Suíça organizou a ‘Copa das Nações’. A competição reuniu algumas
seleções europeias e foi vencida pela Itália.
A federação daquele país considera a conquista como sendo internacional e a Azzurra, portanto, seria pentacampeã mundial. Como o Brasil não participou do torneio, os italianos alegam que a Seleção Brasileira não pode se vangloriar de ter disputado todas as Copas do Mundo. Não há registros de resultados da Copa das Nações.]
A federação daquele país considera a conquista como sendo internacional e a Azzurra, portanto, seria pentacampeã mundial. Como o Brasil não participou do torneio, os italianos alegam que a Seleção Brasileira não pode se vangloriar de ter disputado todas as Copas do Mundo. Não há registros de resultados da Copa das Nações.]
O mundo estava mudado. Os resquícios da guerra podiam
ser vistos nas cidades e famílias destruídas, nos territórios divididos e
ocupados e nas fronteiras redesenhadas. Mais de 50 milhões de inocentes mortos
em seis anos de conflito. É fácil de entender porque a Copa do Mundo teve de
esperar 12 anos para voltar à cena.
O primeiro congresso da FIFA pós-guerra aconteceu em
1946, em Luxemburgo. Com a Europa em reconstrução, o Brasil, concorrente único,
foi escolhido como sede para a Copa que, a princípio, seria em 49. Ficou
decidido que a taça do Mundial se chamaria ‘Jules Rimet’ e a seleção que
conquistasse três títulos teria a posse definitiva do troféu.
Com dificuldades para organizar o torneio, a FIFA
adiou a Copa para 1950. O Brasil ganhou 12 meses para aprontar os estádios e por
pouco não se complicou. Não havia exigências com infraestrutura, apenas o
pedido de estádios “padrão FIFA”, com arquibancadas para, no mínimo, 20 mil
torcedores, alambrados, cabines de imprensa, espaço para autoridades e túneis
interligando os vestiários ao campo.
Preocupado, o governo brasileiro chegou a formar uma
“Comissão de Estádios”. Mesmo assim, nenhum estádio ficou pronto
antecipadamente. Por causa dos atrasos nas obras, no dia do sorteio dos grupos,
no Rio, as sedes não foram totalmente divulgadas. A decisão de levar jogos para
o Nordeste desagradou aos franceses, que deveriam viajar 3.779 km entre Porto
Alegre e Recife.
A França acabou desistindo de vir, e a Argentina, mais
uma vez, abdicou da disputa, alegando desentendimentos com a CBD. Com uma série
de outras desistências — a Índia foi impedida pela FIFA de jogar de pés
descalços —, o que era para ser um torneio com quatro grupos de quatro seleções
se tornou bastante incomum: dois grupos de quatro países, um grupo de três e
outro apenas com dois.
Para piorar, o maior símbolo da Copa, o Maracanã,
parecia inacabado. Na abertura do Mundial, dia 24 de junho, entre a Seleção e o México,
havia lama e material de construção nas dependências do estádio. O Brasil inaugurava a Copa do Mundo de
1950, cheia de problemas, mal sabendo que eles se repetiriam 64 anos depois.
Inauguração do Maracanã, uma semana antes da abertura da Copa: torcida e andaimes, juntos, nas arquibancadas. [continua] |