quarta-feira, 12 de março de 2014

1950 | Há 64 Anos


 [Nota do autor: O Brasil já estava certo para sediar a Copa  em 1942. A decisão foi tomada em 1940, quando a FIFA determinou que a Europa não teria condições de abrigar um Mundial devido à guerra. Mas a Copa foi cancelada. Porém, em 1942, a Suíça organizou a ‘Copa das Nações’. A competição reuniu algumas seleções europeias e foi vencida pela Itália.
A federação daquele país considera a conquista como sendo internacional e a Azzurra, portanto, seria pentacampeã mundial. Como o Brasil não participou do torneio, os italianos alegam que a Seleção Brasileira não pode se vangloriar de ter disputado todas as Copas do Mundo. Não há registros de resultados da Copa das Nações.]


O mundo estava mudado. Os resquícios da guerra podiam ser vistos nas cidades e famílias destruídas, nos territórios divididos e ocupados e nas fronteiras redesenhadas. Mais de 50 milhões de inocentes mortos em seis anos de conflito. É fácil de entender porque a Copa do Mundo teve de esperar 12 anos para voltar à cena.

O primeiro congresso da FIFA pós-guerra aconteceu em 1946, em Luxemburgo. Com a Europa em reconstrução, o Brasil, concorrente único, foi escolhido como sede para a Copa que, a princípio, seria em 49. Ficou decidido que a taça do Mundial se chamaria ‘Jules Rimet’ e a seleção que conquistasse três títulos teria a posse definitiva do troféu.

Com dificuldades para organizar o torneio, a FIFA adiou a Copa para 1950. O Brasil ganhou 12 meses para aprontar os estádios e por pouco não se complicou. Não havia exigências com infraestrutura, apenas o pedido de estádios “padrão FIFA”, com arquibancadas para, no mínimo, 20 mil torcedores, alambrados, cabines de imprensa, espaço para autoridades e túneis interligando os vestiários ao campo.

Preocupado, o governo brasileiro chegou a formar uma “Comissão de Estádios”. Mesmo assim, nenhum estádio ficou pronto antecipadamente. Por causa dos atrasos nas obras, no dia do sorteio dos grupos, no Rio, as sedes não foram totalmente divulgadas. A decisão de levar jogos para o Nordeste desagradou aos franceses, que deveriam viajar 3.779 km entre Porto Alegre e Recife.

A França acabou desistindo de vir, e a Argentina, mais uma vez, abdicou da disputa, alegando desentendimentos com a CBD. Com uma série de outras desistências — a Índia foi impedida pela FIFA de jogar de pés descalços —, o que era para ser um torneio com quatro grupos de quatro seleções se tornou bastante incomum: dois grupos de quatro países, um grupo de três e outro apenas com dois.

Para piorar, o maior símbolo da Copa, o Maracanã, parecia inacabado. Na abertura do Mundial, dia 24 de junho, entre a Seleção e o México, havia lama e material de construção nas dependências do estádio. O Brasil inaugurava a Copa do Mundo de 1950, cheia de problemas, mal sabendo que eles se repetiriam 64 anos depois.


Inauguração do Maracanã, uma semana antes da abertura da Copa: torcida e andaimes, juntos, nas arquibancadas.



[continua]