
Pouco mais de um
ano depois, lá estava Mía, com a mãe Jorgelina, nas cadeiras brancas da Arena
Corinthians. Mas, dessa vez, não era ela a razão da aflição no semblante de Di
María. A Suíça havia restabelecido o "ferrolho" e estava levando a
partida para a prorrogação.
Jogando mal, a
Argentina viu uma Suíça beirando a perfeição na defesa e traiçoeira nos contra-ataques.
Contudo, as melhores oportunidades caíram nos pés sem competência de Drmić. Depois
de Romero, no primeiro tempo, foi a vez de Benaglio fazer nome na etapa
complementar. As subidas de Rojo deram uma opção a mais para os hermanos, mas as finalizações quase sempre paravam nas mãos do arqueiro suíço. O
goleiro continuou mostrando serviço no tempo extra, nos chutes de Messi,
Di María e quem mais quisesse testá-lo.
O relógio já
apontava 13 do segundo tempo da prorrogação quando a bola caiu no pé de Messi.
Apagado, ele partiu com ela, saiu do carrinho de Shaqiri e deu um tapa de lado para
Di María, que ainda teve de esperar Higuaín, perdido no lance, sair da frente.
O chute de canhota saiu colocado, rasteiro, num lance muito parecido com o gol
de Rivaldo em 2002 contra a Inglaterra. Era o gol salvador.
Di María correu para
a torcida e procurou nas
cadeiras aquelas que com as mãos ele mostrava todo o seu amor. Achou, e foi
logo submerso num mar de jogadores que pularam sobre ele. Naquele momento, a
Argentina viu o quanto é refém de seu(s) craque(s).
O suíço
Dzemaili ainda tentou estragar a festa com uma cabeceada na trave no minuto seguinte, mas a sorte estava com os platinos: a bola voltou na perna do jogador e
saiu. Ainda houve tempo para uma cobrança de falta de Shaqiri na meia-lua da grande área. O susto virou festa com a bola parando na barreira. Era o adeus heroico dos helvéticos.
Se em 2013 Di María
voltou para casa com o colo vazio pela ausência de sua filha, em 2014 a torcida
argentina passou a carregá-lo nos braços, ao lado de seu filho predileto:
Messi. A Argentina está nas quartas. Para a alegria da pequena Mía.