Japoneses & 'Zico'neses
Há duas décadas, dizer que a seleção japonesa
seria a mais bem sucedida do futebol asiático seria pretensão demais.
Hoje, pode-se dizer isso com total confiança. O Japão participou
das últimas quatro Copas das Confederações — por ser o campeão do continente —,
e isso se deve muito à garra brasileira no Oriente.
O amor dos nipônicos pelo futebol tupiniquim nasceu
em 1981, quando o Mundial Interclubes foi conquistado pelo Flamengo, e Zico,
eleito o melhor em campo. Dez anos
depois, o Galinho foi convidado a voltar a jogar futebol pelo clube do Sumitomo,
na temporada de 1991, ficando no Kashima Antlers até 1994. Uma estátua de Zico no
Kashima Soccer Stadium demonstra o quanto ele é venerado — um herói nacional.
Desde então, o futebol foi tomando gosto no país do beisebol e do golfe.
Jogo para videogame lançado em 94, após a saída de Zico. |
A evolução do Japão no futebol começou no
banco, com a chegada de técnicos estrangeiros e filosofias ocidentais, muito
bem aceitas pelos orientais. Zico foi um deles, e comandou os "Samurais
Azuis" na Copa de 2006, inclusive contra o Brasil. "Foi uma questão
de retribuição pelo que o Kashima e todo o Japão fizeram por mim",
explicou ao assumir o cargo.
Em 2010, o técnico italiano Alberto Zaccheroni
chegou com uma nova filosofia, trazida da brilhante campanha da Udinese,
terceira colocada na Série A de 1997/98, a qual treinara. Foi o casamento
perfeito entre a inteligência estratégica italiana e a a disciplina tática
japonesa. No ano seguinte, o Japão conquistou a Copa da Ásia, no Qatar.
O time que vai à Copa é composto de atletas
não somente reconhecidos no Japão, mas principalmente por estrelas
internacionais que jogam em importantes ligas de outros países: no belga Royal
Standard de Liège (Eiji Kawashima); nos alemães VfB Stuttgart (Gotoko Sakai), Hannover
(Hiroki Sakai) e Schalke-04 (Atsuto Uchida); nos italianos Milan (Keisuke
Honda) e Internazionale (Yuto Nagatomo) e nos ingleses Southampton (Maya Yoshida)
e Manchester United (Shindi Kagawa).
Isso sem contar outras equipes estrangeiras de menor expressão.
ESSES CONHECEM: Honda e Kagawa são os motorzinhos do time japonês. Armam, passam e finalizam. |
Independentemente dos resultados em campo, a
seleção japonesa já considera uma honra atuar no país do futebol. Mais do que
isso: no país de Zico — o sonho de qualquer atleta oriental que se autodenomina
'zico'nês de coração.
FIQUE DE OLHO: Yoichiro Kakitani foi um dos destaques da J-League e ganhou uma chance no ataque depois de marcar na vitória de 3 a 2 sobre a Bélgica, no amistoso no fim de 2013. |
NO ESQUEMA: 4-2-3-1
No esquema de Zaccheroni, Kagawa e Honda são
os articuladores da equipe e também os principais responsáveis pelas
finalizações. Os laterais têm liberdade, mas a obediência tática os impede de
maiores arrojos.
4-2-3-1 (clique para ampliar) |
Histórico em Copas (clique para ampliar) |
médico e apaixonado por futebol