quinta-feira, 19 de junho de 2014

A Fortaleza de Memo














No ritmo de “one, two, three, viva, Algerie!”, a torcida argelina contagiou o Mineirão e, por pouco, o reinado da Bélgica não ruiu. Tida como a "sensação da Copa" — mesmo antes de jogar —, a seleção dos Flandres entendeu que estrear numa Copa do Mundo não é tarefa fácil, ainda mais quando o elenco é jovem e totalmente inexperiente em matéria de Mundial.

Com nomes consagrados na última temporada europeia, como Courtois, goleiro campeão espanhol pelo Atlético de Madrid, Kompany, zagueiro campeão inglês pelo Manchester City, e Hazard, destaque do Chelsea, os belgas foram surpreendidos pelo ímpeto argelino no início da partida. Feghouli, cobrando pênalti que ele mesmo sofreu, abriu o placar no primeiro tempo. Depois comemorou ajoelhado, beijando o gramado e agradecendo à Alá.





Os guerreiros do deserto se seguraram boa parte do jogo, até que a entrada de Fellaini na segunda etapa mudou os rumos do confronto. Jogando enfiado entre os zagueiros argelinos, o cabeludo virou a referência da bola aérea. E deu certo. Depois de algumas tentativas, Fellaini acertou a cabeceada faltando 20 minutos para o apito final. A pequena torcida belga também se animou e empurrou a sua seleção para a virada. A 10 do fim, Hazard serviu Mertens — também vindo do banco de reservas —, que afundou o goleiro M'Bolhi na virada.





Se um cabeludo belga mudou a partida no Mineirão, um cabeludo mexicano fez o mesmo no Castelão.











Os jogadores foram a público, pediram e os torcedores atenderam: cantaram o hino abraçados uns aos outros. Neymar, com o cabelo descolorido, foi às lágrimas. Porém, dentro de campo, a Seleção Brasileira não retribuiu. O time esbarrou numa aguerrida seleção mexicana e não conseguiu sair do zero. A torcida brasileira, que vibrou com a derrota uruguaia no sábado passado, viveu outro 'Castelazo'.






















Um zero a zero graças a Guillermo 'Memo' Ochoa. Com quatro importantes defesas, o goleiro mexicano foi uma fortaleza debaixo das traves. A primeira — e mais imponente — defesa aconteceu na cabeceada de Neymar no primeiro tempo, após o cruzamento do também descolorido Dani Alves. Ochoa segurou mais uma finalização de Neymar — desta vez com o pé — no segundo tempo e, nos minutos finais, defendeu uma testada à queima-roupa de Thiago Silva.

Se dentro de campo Brasil e México empataram, nas arquibancadas os aztecas levaram a melhor. Mesmo em menor número, os quinze mil mexicanos abafaram o show brasileiro no hino cantado à capela. A verdade é que o Brasil — time e torcida — só tem encantado até o pontapé inicial. A criatividade que falta em campo também não aparece entre os torcedores, que insistem em cantar "sou brasileiro com muito orgulho", quando deveriam gritar, por exemplo, "ô ô ô, queremos jogador".

Muitas coisas seguem erradas. A começar pelo México, que deveria ser o líder do Grupo A, não fossem as arbitragens.