No ritmo de “one,
two, three, viva, Algerie!”, a torcida argelina contagiou o Mineirão e, por
pouco, o reinado da Bélgica não ruiu. Tida como a "sensação da Copa"
— mesmo antes de jogar —, a seleção dos Flandres entendeu que estrear numa Copa
do Mundo não é tarefa fácil, ainda mais quando o elenco é jovem e totalmente
inexperiente em matéria de Mundial.
Com nomes
consagrados na última temporada europeia, como Courtois, goleiro campeão
espanhol pelo Atlético de Madrid, Kompany, zagueiro campeão inglês pelo
Manchester City, e Hazard, destaque do Chelsea, os belgas foram surpreendidos
pelo ímpeto argelino no início da partida. Feghouli, cobrando pênalti que ele mesmo sofreu, abriu o
placar no primeiro tempo. Depois comemorou ajoelhado, beijando o gramado e agradecendo à Alá.
Os guerreiros do
deserto se seguraram boa parte do jogo, até que a entrada de Fellaini na segunda
etapa mudou os rumos do confronto. Jogando enfiado entre os zagueiros
argelinos, o cabeludo virou a referência da bola aérea. E deu certo. Depois de
algumas tentativas, Fellaini acertou a cabeceada faltando 20 minutos para o
apito final. A pequena torcida belga também se animou e empurrou a sua seleção para
a virada. A 10 do fim, Hazard serviu Mertens — também vindo do banco de
reservas —, que afundou o goleiro M'Bolhi na virada.
Se um cabeludo
belga mudou a partida no Mineirão, um cabeludo mexicano fez o mesmo no Castelão.
Os jogadores foram
a público, pediram e os torcedores atenderam: cantaram o hino abraçados
uns aos outros. Neymar, com o cabelo descolorido, foi às lágrimas. Porém, dentro de
campo, a Seleção Brasileira não retribuiu. O time esbarrou numa aguerrida seleção
mexicana e não conseguiu sair do zero. A torcida brasileira, que vibrou com a
derrota uruguaia no sábado passado, viveu outro 'Castelazo'.
Um zero a zero
graças a Guillermo 'Memo' Ochoa. Com quatro importantes defesas, o goleiro
mexicano foi uma fortaleza debaixo das traves. A primeira — e mais imponente —
defesa aconteceu na cabeceada de Neymar no primeiro tempo, após o cruzamento do
também descolorido Dani Alves. Ochoa segurou mais uma finalização de Neymar —
desta vez com o pé — no segundo tempo e, nos minutos finais, defendeu uma testada à queima-roupa de Thiago Silva.
Se dentro de campo Brasil e México empataram, nas arquibancadas os aztecas levaram a melhor. Mesmo em menor número, os quinze mil mexicanos abafaram o show brasileiro no hino cantado à capela. A verdade é que o Brasil — time e torcida — só tem encantado até o pontapé inicial. A criatividade que falta em campo também não aparece entre os torcedores, que insistem em cantar "sou brasileiro com muito orgulho", quando deveriam gritar, por exemplo, "ô ô ô, queremos jogador".
Muitas coisas seguem erradas. A começar pelo México, que deveria ser o líder do Grupo A, não fossem as arbitragens.
Muitas coisas seguem erradas. A começar pelo México, que deveria ser o líder do Grupo A, não fossem as arbitragens.