sexta-feira, 29 de junho de 2018

Déjà VAR


Quando Hitler invadiu a União Soviética, em 22 de junho de 1941, ele não fazia ideia de que seu maior adversário seria o rigoroso inverno russo. Exaustas e mal preparadas, as tropas alemãs foram massacradas e quase congeladas antes de serem afastadas definitivamente da capital Moscou. 77 anos depois, a Alemanha voltou a sucumbir em solo russo; desta vez, sob um calor de quase 30 graus e diante dos outrora fregueses México e Coreia do Sul. O apagão alemão nos fez lembrar a França, em 2002, a Itália, em 2010, e a Espanha, em 2014 — detentores do título que caíram na primeira fase. Sim, foi um vexame histórico, mas nada marcou tanto esta Copa do Mundo quanto o Video Assistant Referee — o popular VAR.


Jogadores alemães lamentam chance desperdiçada. A partida foi a revanche da semifinal da Copa de 2002, quando os sul-coreanos, donos da casa, foram eliminados pela Alemanha.
Jogadores alemãs lamentam chance desperdiçada. A partida foi uma revanche da semifinal da Copa de 2002, quando a então anfitriã Coreia do Sul foi eliminada pela Alemanha.

















A ideia de um árbitro de vídeo auxiliando o trio de dentro das quatro linhas tem ajudado os homens do apito em lances duvidosos, o que prova que a tecnologia é algo que o futebol não pode mais ignorar. Para você entender como o VAR tem sido importante nesta Copa, sem ele sete dos oito confrontos das oitavas-de-final teriam sido diferentes.

No Grupo B, a Espanha tem de agradecer (e muito) ao VAR, que anulou um gol do Irã no final da partida e confirmou um tento espanhol contra o Marrocos. Sem isso, a Fúria teria somado apenas dois pontos, ficado em último lugar no grupo e cedido à vaga aos iranianos. Classificação sem VAR: Portugal 7, Irã 4, Marrocos 3, Espanha 2.



Enrique Cáceres gesticula antes de consultar o VAR na partida entre Portugal e Irã. O árbitro paraguaio amarelou na hora de expulsar Cristiano Ronaldo.


















No Grupo C, o VAR interferiu na posição dos classificados. Na estreia, a França só venceu a Austrália graças a um gol de pênalti assinalado pelo VAR. Por outro lado, a Dinamarca empatou com a mesma Austrália porque sofreu um gol de pênalti marcado pelo VAR. Classificação sem VAR: Dinamarca 7, França 5, Peru 3, Austrália 1.

Já no Grupo F, a Suécia estreou com vitória diante da Coreia do Sul com um gol de pênalti marcado pelo VAR. Se a partida tivesse terminado sem gols, o México teria ficado em primeiro. Porém, o maior momento do VAR foi no confronto entre alemães e sul-coreanos. O VAR confirmou o primeiro gol dos asiáticos, que tinha sido anulado pela arbitragem, sob alegação de impedimento. Foram os segundos mais tensos da história das Copas, até que a confirmação do gol pôs fim às esperanças tedescas.

Por fim, no grupo E, a segunda partida do Brasil na Rússia teve novamente o VAR como protagonista, com o pênalti anulado sobre Neymar após a revisão da arbitragem. Sorte que, no final, Coutinho e o próprio Neymar garantiram o triunfo canarinho.

Nem Cristiano Ronaldo, nem Messi, nem Neymar.
O craque da Copa é o VAR.


Nove das 20 penalidades foram marcadas graças ao assistente de vídeo.
















Oitavas-de-final com VAR (oficial):

França x Argentina
Uruguai x Portugal
Brasil x México
Bélgica x Japão
Espanha x Rússia
Croácia x Dinamarca
Suécia x Suíça
Colômbia x Inglaterra


Oitavas-de-final sem VAR

Dinamarca x Argentina
Uruguai x Irã
Brasil x Suécia
Bélgica x Japão
Portugal x Rússia
Croácia x França
México x Suíça
Colômbia x Inglaterra