sábado, 18 de novembro de 2017

A Nova Era Viking



Entre o fim do século VIII e o século XI, os Vikings invadiram, exploraram e colonizaram as costas da Escandinávia, Europa Setentrional e ilhas Britânicas, tendo chegado à Groelândia e à costa da América do Norte. Nascida após a queda de Roma, a chamada “Era Viking” jamais enfrentou o Império Romano. Até que, na última segunda-feira, dez séculos depois, encarou o que restou dele.

Aos cacos. É assim que podemos definir a Squadra Azzurra desta década. Eliminada na primeira fase das duas últimas Copas do Mundo, a Itália que entrou em campo contra a Suécia buscava mais que uma vaga no Mundial; queria evitar um vexame ainda maior: uma eliminação antes mesmo de a Copa começar.

Embalada por mais de 70 mil tifosi, a seleção italiana mostrou muita raça, mas também uma boa dose de incompetência. Uma estranha sensação ficou no ar após o 0 a 0 em Milão: de que os italianos não fariam um gol nem se jogassem mais um dia inteiro. 1 a 0 Suécia lá, 0 a 0 cá, tchau e bênção ­— do Papa, que também quase viu sua seleção ficar de fora da Copa.

Pior do que quebrar uma sequência de 14 participações consecutivas em Copas é ver o maior ídolo recente do futebol italiano se aposentar de forma melancólica. Campeão mundial em 2006, o goleiro Gianluigi Buffon provavelmente faria na Rússia sua última aparição em Mundiais — a sexta e o recorde de participações.

A Suécia, por sua vez, volta a disputar um Mundial após duas ausências seguidas. E vem com um portfolio de respeito: despachou Holanda e Itália pelo caminho. E os suecos podem comemorar ainda mais: esta semana, uma rádio francesa garantiu que a Copa do Mundo de 2018 está, sim, nos planos de Zlatan Ibrahimović — ele se aposentou da seleção sueca em 2016. O atacante, que se recupera de um rompimento de ligamento cruzado do joelho direito, estaria preocupado em readquirir sua forma física até junho do ano que vem.

Se a Suécia surpreendeu ao eliminar a tetracampeã mundial, outra seleção escandinava não ficou atrás. Numa partida agitadíssima, a Dinamarca aplicou uma acachapante goleada sobre a Irlanda, em Dublin, na pior derrota do anfitrião em toda a história em seus domínios: 5 a 1, de virada, com três gols de Eriksen. Mas surpresa mesmo nessas Eliminatórias foi uma pequena ilha do Atlântico Norte. A Islândia, semifinalista da Euro 2016, superou Croácia, Ucrânia e Turquia no Grupo I e carimbou o passaporte para o Mundial no início de outubro.

Em junho, na Rússia, veremos pela primeira vez na história das Copas a Escandinávia com três representantes: Dinamarca, Suécia e Islândia. Só a Noruega não obteve a classificação — chamar um finlandês de escandinavo é uma das maiores ofensas do Mar do Norte.

Uma Nova Era Viking se desenha no horizonte: impondo o terror e causando a destruição dos adversários.