quinta-feira, 18 de junho de 2015

Independência de Neymar ou Morte



Zito partiu num contra-ataque rápido e lançou Amarildo na esquerda. O "Possesso" cortou o zagueiro e cruzou fora do alcance do goleiro tcheco. Zito acompanhou o lance e, livre de marcação, só encostou a cabeça para virar o placar: Brasil 2 a 1. A Seleção ainda faria o terceiro, que sacramentaria o bicampeonato mundial em terras chilenas. O Brasil que jogou em Santiago em 17 de junho de 1962 mereceu a vitória. O que jogou em 17 de junho de 2015, não.

Normalmente, o estádio Monumental David Arellano costuma vestir-se de preto e branco, cores do Colo-Colo, time mais tradicional da capital. Porém, estava todo amarelo. Parecia replay da Copa do Mundo: um mar de torcedores fanáticos, enlouquecidos e incansáveis. Da Colômbia. De azul, o Brasil foi minoria absoluta nas arquibancadas barulhentas, que tiveram apenas um único momento de silêncio: em respeito a Zito, o eterno capitão do bi. Mas Neymar não estava em paz.

Na manhã da partida, a justiça espanhola anunciara que o atacante terá que responder a um processo, por supostas fraudes em sua transferência para o time catalão. Coincidência ou não, o camisa 10 entrou em campo mais nervoso do que de costume. A Seleção sentiu a ausência de seu craque. A Colômbia também, e foi para cima. Aos 35min, uma falta desnecessária na lateral do campo abriu o caminho da vitória cafetera. O ótimo Cuadrado, companheiro de Willian, no Chelsea, cruzou e, no bate-rebate, o zagueiro Murillo empurrou para as redes. O estádio veio abaixo.

A Seleção tentou reagir. Em jogada do Barcelona, Dani Alves cruzou para a cabeçada de Neymar, em cima de Ospina. Pior que não ter feito o gol foi tomar o cartão amarelo que tirou o atacante do jogo contra a Venezuela — no rebote, ele levou a mão à bola. Dunga mexeu no intervalo, a equipe melhorou, mas não o suficiente. Firmino perdeu gol sem goleiro, depois que Elias ganhou a dividida com Ospina, e selou a primeira derrota na nova era do treinador.

Nem bem Enrique Osses apitou o fim de jogo, começou a confusão. Irritado, Neymar acertou uma bolada em Armero. Depois, tentou dar uma cabeçada em Murillo, autor do gol colombiano, que tinha ido tirar satisfações com o brasileiro. Estava armado o circo. Bacca chegou empurrando Neymar com força e foi agarrado por Robinho, que rasgou-lhe a camisa. A turma do “deixa disso” conseguiu, enfim, separar os brigões. Mas já era tarde. O árbitro chileno, mesmo com a partida encerrada, expulsou Neymar e Bacca. Para fechar a noite com chave de ouro, o camisa 10 culpou a arbitragem por seus erros.

Durou bem menos do que o esperado o reinado do craque e capitão da Seleção Brasileira nesta Copa América. Craque e capitão? Não, correção. Craque sim. Capitão não.

Capitão era Zito.




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