A "sensação da
Copa" passou aperto, mais uma vez. Depois de correr atrás do marcador
contra a Argélia, os Diabos Vermelhos sofreram para vencer a Rússia, no
Maracanã. Enquanto a torcida belga empurrava um time sonolento dentro de campo,
uma torcida sonolenta (do Brasil) vaiava nas arquibancadas. De "time sem
vergonha" a "segunda divisão", o Maraca não poupou russos e
belgas pelo baixo rendimento. O atacante Origi foi um dos poucos com motivos
para comemorar. O jovem atacante de 19 anos marcou o seu primeiro gol pela seleção
belga, depois da boa jogada de Hazard aos 43 do segundo tempo. O técnico Marc
Wilmots foi outro que comemorou — muito — a vitória e a classificação, até porque
ele sabe mais do que ninguém que a Bélgica está longe de ser a "sensação da
Copa".
O Beira-Rio se
preparou para assistir a mais um 0 a 0 na Copa — pelo menos a parte brasileira
do estádio. No entanto, argelinos e sul-coreanos estavam inspirados demais para
deixar o placar em branco. Os guerreiros do deserto abriram uma vantagem de 3 a
0 ainda no primeiro tempo (Slimani, Halliche e Djabou), e obrigaram a Coreia do
Sul a sair para o tudo ou nada.
Son Heungmin
descontou no começo da segunda etapa, depois de matar a bola nas costas e girar
para o arremate rasteiro. A reação parou por aí: Brahimi fez o quarto em mais
uma falha da zaga asiática. Ainda houve tempo para o gol de Koo Jacheol, que
nem mesmo os sul-coreanos chegaram a comemorar — o destino da Coreia já estava
selado.
Por sua vez, a
Argélia saiu de campo com dois recordes: encerrou um jejum de 32 anos sem
vitória em Copas — o último triunfo havia sido contra o Chile, em 1982 —, além
de se tornar a primeira seleção africana a marcar quatro gols em um jogo de
Copa. "One, two, three, FOUR, Algérie."
Imagine uma expedição
perdida no meio da Floresta Amazônica. Foi mais ou menos assim que o time de
Portugal se sentiu quando Clint Dempsey virou o placar para os Estados Unidos,
na Arena de Manaus, a nove minutos do fim. O gol de barriga do capitão ianque —
no melhor estilo Renato Gaúcho — foi um golpe indigesto nas esperanças
portuguesas. Nani havia aberto o placar logo aos 5 minutos de jogo, mas um
chutaço de fora da área de Jones, na etapa complementar, deixara tudo igual. A
virada norte-americana trouxe de volta à memória a derrota de Portugal para os Estados Unidos em 2002, por 3 a 2, quando os portugueses foram eliminados na primeira fase — o último grande fiasco luso em Copas.
Cristiano Ronaldo
não esteve naquela partida em 2002. Mas estava na de 2014. Apagado, o popstar foi
vaiado e aplaudido ao mesmo tempo a cada vez que tocava na bola. Não errou
passes, mas errou todas as finalizações a gol que tentou. Não parecia nem de
longe o melhor jogador do mundo. Ainda assim, fez o que todos esperavam:
decidiu a partida. Nos acréscimos, cruzou com extrema perfeição na cabeça de
Varela, que mergulhou para o gol de empate. Agora, Portugal respira por
aparelhos. A sobrevida depende da vitória. A despedida, do saldo de gols.