Quando os
portugueses chegaram a Porto Seguro, em 1500, se depararam com índios
inofensivos. Ontem, eles voltaram à Bahia, só que em vez de índios inofensivos,
os portugueses encontraram alemães bastante ofensivos. Liderada por Thomas
Müller, revelação da última Copa — e candidato à craque desta —, a seleção alemã
se redescobriu.
Portugal começou mais
incisivo, com o melhor do mundo, Cristiano Ronaldo, tentando mostrar a que veio.
Porém, a defesa lusitana dava ares de preocupação. O chute para frente do
goleiro Rui Patrício caiu no pé de Khedira e ele quase marcou com o gol vazio. A Alemanha, fria — apesar do calor de 26°C —, acabou
encontrando nos contra-ataques a melhor saída. Não demorou muito também
encontrou o caminho do gol. De pênalti — duvidoso, em Götze — Müller fez, aos
12, o primeiro da tarde alemã.
Quando Hummels
subiu no escanteio para marcar o segundo, os portugueses se desestabilizaram.
Pepe tentou intimidar Müller com uma leve cabeçada, e foi expulso. Com dois
gols na conta e um jogador a menos, o time encarnado se viu em frangalhos. Cristiano
Ronaldo, muito abaixo do esperado, olhava para os lados e procurava esperançoso
por Bale, Di María e Benzema. Mas só enxergava Hugo Almeida e Nani.
Ainda no primeiro
tempo, Kroos levantou na área, Bruno Alves cortou mal e Müller fez o terceiro.
Entregue, Portugal assistiu à Alemanha jogar, dominar e atacar. O quarto gol
saiu com naturalidade. Aos 33 do segundo tempo, Schürrle cruzou da direita e Rui Patrício soltou
nos pés de Müller. O atacante do Bayern empurrou para as redes e marcou o
primeiro hat-trick (três gols) da Copa. Agora ele é o artilheiro isolado do
Mundial.
No dia em que o ex-piloto
de Fórmula 1 e ídolo Michael Schumacher saiu do coma após quase seis meses, a
Alemanha botou Portugal e o melhor do mundo para dormir.