A rotina do príncipe William é
relativamente tranquila. Quando não está em casa com a mulher e o filho, viaja
até a base militar britânica. Ele se apresenta às 7h, toma o breakfast com os oficiais, avalia as
condições de treinamento aéreo e atende alguns telefonemas enquanto voa. À
tarde, após um rápido almoço, escreve relatórios. Continua a atender ligações à
noite e dorme na base, voltando para casa só no dia seguinte.
Do outro lado da cidade, Willian, um
plebeu formado no “terrão” do Parque São Jorge, acorda cedo e vai para o treino
de carro, apesar de morar a poucos quilômetros do estádio Stamford Bridge, em
Chelsea. Almoça com os companheiros de equipe, participa de coletivas e
conversa por telefone com a família nos intervalos. E quando não está jogando
futebol, toca pandeiro e brinca com as filhas —gêmeas.
As diferenças entre William e Willian
são muitas, a começar pelo título de nobreza de um e o recente título da
Premier League de outro. Entretanto, nesta semana, Willian viveu um dia de rei
ao comandar a Seleção Brasileira em sua primeira vitória nas Eliminatórias da
Copa de 2018. Marcou duas vezes nos 3 a 1 sobre a Venezuela e
assumiu o trono do Castelão, por ora, na ausência de Neymar.
Com três alterações (Alisson no gol,
Felipe Luís na lateral esquerda e Ricardo Oliveira no ataque), o time de
Dunga mostrou uma melhora significativa em relação à estreia, contra o Chile.
Claro, o adversário não era lá essa coisas — a Venezuela jamais venceu o Brasil
em jogos oficiais —, mas a ousadia, a movimentação e a marcação foram os pontos
altos do triunfo brasileiro. O primeiro gol de Willian, logo aos 36 segundos de
jogo, após um roubo de bola no meio-campo, foi prova disso. E num jogo
relativamente fácil, sobrou espaço para alguns reencontros: de Kaká com a
Seleção e de Ricardo Oliveira com os gols pela Amarelinha: o artilheiro do
Campeonato Paulista e do Campeonato Brasileiro voltou a marcar depois de 10 anos.
Num reino não muito distante,
o Uruguai quebrou mais um jejum: depois de estrear com uma inédita vitória
diante da Bolívia, em La Paz, a Celeste venceu sua segunda partida seguida,
fato que não acontecia em Eliminatórias há 50 anos. Pior para a Colômbia, que
não viu a cor da bola e foi goleada por 3 a 0. Sem Cavani e Suárez, ainda suspensos, os jovens Rolón e Abel Hernández comandaram o ataque
do líder da competição — um gol para cada um e outro para o capitão Godín.
Em Lima, o Chile mostrou que a boa
fase vai de vento em popa. Se o ‘Rei Arturo’ não estava numa grande noite,
Alexis Sánchez deu conta do recado. Com dois gols e uma assistência, ele foi o grande nome de ‘La Roja’ nos 4 a 2 sobre o Peru, no ‘Clássico do Pacífico’.
Se Brasil, Uruguai e Chile tiveram seus protagonistas na noite do futebol sul-americano, a Argentina ficou
devendo mais uma vez. No estádio Defensores
del Chaco, em Assunção, os hermanos não saíram do zero contra o Paraguai, num jogo truncado, faltoso e de mau gosto. Sem ninguém que compensasse a ausência de Messi, sem vitórias e sem ter marcado gols até agora no torneio, sobrou
para os argentinos o papel de bobos da corte.