quinta-feira, 5 de junho de 2014

Grupo G | Alemanha

Favorita, mas calma...





A Alemanha tem um dos times mais fortes do mundo, inquestionavel-mente. A seleção tem ótimos jogadores em todos os setores, muita tradição em Copas e fez uma boa preparação nos últimos anos. Entretanto, a temporada de lesões, definitivamente, atingiu os 23 convocados do técnico Joachim Löw. Ele já tinha perdido Ilkay Gündogan e Lars Bender, além de Mario Gómez deixado de fora por pouco atuar. Nesta segunda-feira, ao anunciar a lista final, mais um desfalque por condicionamento físico: Marcel Schmelzer.

O lateral-esquerdo do Borussia Dortmund se apresentou com uma lesão no joelho, mas já estava praticamente recuperado. Foi uma enorme surpresa seu corte. Na prática, Schmelzer foi o titular de Jürgen Klopp e Durm seu reserva, que jogou bastante por conta das condições físicas do rival de posição no clube. Erik Durm estreou pela seleção alemã apenas no último domingo, no empate com Camarões em 2 a 2.

Durm, 22 anos, companheiro de Schmelzer no Borussia Dortmund, em lance do amistoso contra Camarões.

Posto isso, com absoluta tranquilidade é possível afirmar que a convocação de Durm foi muito surpreendente. Passou a ser mais natural com o corte de Jansen, mas agora ele deve ser o titular absoluto na posição. Lahm pode jogar por ali, mas o próprio já declarou que não pretende mais fazer a função: "Eu já disse várias vezes, que eu não quero jogar como lateral-esquerdo por mais tempo e minha posição não mudou. Se eu tivesse que escolher entre a lateral-esquerda e a lateral-direita, eu escolheria a direita. Porém, se eu tivesse que escolher entre a lateral e o meio-campo, eu não teria qualquer preferência". E, para listar todas as hipóteses, ainda há Höwedes e até mesmo Grosskreutz.

De resto, tudo conforme previsto. Christoph Kramer herdou a vaga de Lars Bender, mesmo tendo jogado menos que Sebastian Rudy no amistoso-teste contra a Polônia há algumas semanas. Miroslav Klose vai sem reserva imediato, e considerando o jogo contra Camarões, Thomas Müller e Mario Götze serão muito utilizados como falsos-nove. Sami Khedira será o volante principal, e mostrou contra os camaroneses que está recuperado. Manuel Neuer, que preocupava, ainda preocupa... Isso porque, até 24 horas antes da estreia, se o problema no ombro não for solucionado, ele ainda pode ser substituído por Marc-André ter Stegen.

ESSE É O CARA: os oito gols nas Eliminatórias mostram a evolução de Özil depois que chegou ao Arsenal. 























O grupo da Alemanha na Copa não é tranquilo. Terá pela frente o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, uma seleção africana muito forte, com todo elenco atuando na Europa e bem compacta taticamente, além da seleção norte-americana que vem se preparando bastante. Mesmo assim, e com todos problemas listados, os alemães ainda formam o melhor time, e são um dos favoritos ao título.

FIQUE DE OLHO: "Götzinho", apelido dos tempos de Dortmund, é a principal revelação do futebol alemão nos últimos anos.






















ESQUEMA TÁTICO: 4-3-2-1

A Alemanha tem um dos melhores sistemas ofensivos dos últimos anos. Os 36 gols em 10 partidas nas Eliminatórias comprovam a eficiência. O segredo é o meio-campo de toque de bola, com os habilidosos Özil, Götze e Müller, que ainda por cima sabem finalizar.


4-3-2-1 (clique para ampliar)



Histórico em Copas (clique para ampliar)


Gustavo Hofman,
jornalista e apaixonado por futebol —
jogado no Brasil, na Rússia ou no mais remoto local






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Grupo H | Coreia do Sul

O Caminho das Pedras




Quando se fala em Coreia do Sul, automaticamente se lembra de Coreia do Norte. É assim para quase todo mundo. Menos para os japoneses. Quando se fala em Coreia do Sul, eles se lembram de... pedras. Isso mesmo, pedras. Duras, frias e sem valor, fincadas entre os dois países no Mar Oriental. Você pode até achar que coreanos e japoneses — sem esquecer os chineses — são todos iguais, mas a verdade é que um japonês sabe muito bem diferenciar um coreano (do sul) das outras raças orientais: foram eles que "roubaram" as pedras.

São elas as protagonistas de outra disputa territorial envolvendo a Coreia do Sul. As pequenas ilhas de pedra, os Rochedos Liancourt, foram tomadas pelas tropas japonesas em 1910 e devolvidas em 1945. Ainda assim, os imbróglios continuaram. Chamadas de Dokdo (독도 獨島) pelos coreanos e Takeshima (たけしま 竹島) pelos japoneses, os Rochedos Liancourt fazem parte do Condado de Ulleung (província coreana) ao mesmo tempo em que pertencem à cidade de Okinoshima (um distrito japonês).


Os disputadíssimos Rochedos de Liancourt. A Coreia do Sul tem um destacamento policial em permanente vigília.























A confusão não para por aí. Na disputa do bronze nas Olimpíadas de 2012 entre Japão e Coreia do Sul, vencida pelos coreanos por 2 a 0, o volante Park Jong-Woo arrumou um cartaz com a torcida e o exibiu para as câmeras. Dizia "Dokdo é nosso" (aha uhu). A atitude lhe custou a medalha de bronze, além de reacender a chama da discórdia.

Por sorte, coreanos e japoneses estão bem distantes uns dos outros na tabela — só se enfrentariam numa semifinal, o que, convenhamos, é utópico demais. Na hospedagem também: Japão em Itu, interior de São Paulo, e Coreia do Sul em Foz do Iguaçu, no Paraná (uma distância em linha reta de cerca de mil quilômetros).


Jong-Woo segura o cartaz na festa da vitória. O comitê olímpico reteu a medalha do atleta por quatro meses.




















Longe das rixas geográficas, o futebol coreano chega renovado ao Brasil, reforçado pelos jovens atletas que conquistaram o bronze em Londres. Obra do técnico Hong Myung-Bo, desde os 17 anos ligado à seleção. Como jogador, disputou quatro Copas, a última delas como capitão — 2002, quando a equipe fez história ao chegar às semifinais do torneio.

Com a aposentadoria de Park Ji-Sung, outro Park leva nas costas o peso da responsabilidade: Park Chu-Young. E terá a companhia do jovem Son Heung-Min, destaque do Bayer Leverkusen. O camisa 10 coreano ainda não sabe se será titular, visto que passou a maior parte da última temporada no banco de reservas. Entretanto, o veterano de 28 anos e 62 partidas na seleção tem uma certeza: a Coreia do Sul será uma pedra no sapato de Bélgica e Rússia, favoritas do Grupo H.

Pedra.

FIQUE DE OLHO: Son Heung-Min pode jogar tanto no meio como no ataque. Sua versatilidade já despertou o interesse do Borussia Dortmund.



















ESQUEMA TÁTICO: 4-3-3

No time do técnico Hong Myung-Bo, que era zagueiro, os laterais não sobem ao ataque. Por isso, o meio-campo tem liberdade para avançar e os três atacantes não guardam posição, especialmente Son Heung-Min. 


4-3-3 (clique para ampliar)





















Histórico em Copas (clique para ampliar)










Marcelo Martensen,
publicitário, acredita na classificação da Coreia do Sul









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Grupo H | Rússia


A situação está russa? Veremos.



Os russos podem ser divididos em dois grupos: os que amam hóquei e apreciam futebol e os que amam futebol e apreciam hóquei. Mas todos os russos amam o Brasil de alguma maneira. Cada pessoa tem uma referência diferente, dependendo da idade e/ou da classe social. Alguns mais velhos falam do "Café Pelé" (que era contrabandeado no período soviético), outros falam do "Carnaval" (que é sonho de consumo para muitos), e o restante fala de futebol.

Aqui o assunto também varia de acordo com idade e classe social. Alguns dizem "Tostão, Garrincha, Rivelino, Pelé" (nesta ordem, não me pergunte por que), outros dizem "Ronaldo, Ronaldinho, Neymar", outros perguntam se os jogadores que estão aqui (Wagner Love e companhia) prestam, outros perguntam sobre os times "Santos, Corinthians, São Paulo". Independentemente de idade ou classe social, o futebol brasileiro é unanimidade: todos gostam de assistir — consideram nosso futebol uma arte, um balé — e acreditam que nós vamos levar o caneco.

ESSE CONHECE: Destaque russo na Euro 2012, Alan Dzagoev é o motorzinho do CSKA Moscou.  

Em relação à sua própria seleção (e qualquer produto nacional que vai enfrentar competição em nível internacional), o russo é extremamente cético e pessimista. Uma espécie de autoproteção, caso a Rússia não vá bem. É o nosso "Eu já sabia". Eles dizem: nosso time é ruim, nosso técnico não é russo, não temos plantel, etc. E isso vale até para o esporte onde eles são bons: o hóquei.

A verdade é que Fabio Capello, treinador italiano que substituiu o holandês Dick Advocaat, depois do fracasso na Euro 2012, colocou a casa no lugar: nas Eliminatórias, mandou Portugal de Cristiano Ronaldo para a repescagem e, ano passado, deu um calor no Brasil em Wembley (levou o empate no finalzinho). Os novos talentos, como o atacante Kokorin, aliados aos velhos medalhões, como o lateral Zhirkov, moldaram o time à maneira do treinador: defesa forte e ataque incisivo.

FIQUE DE OLHO: A sensação russa tem só 23 anos: Aleksander Kokorin, do Dynamo de Moscou.





















Mas é só a Rússia começar a ir bem (em qualquer coisa), para o nacionalismo florescer. Aos poucos, você começa a ouvir "Somos os melhores", "Ninguém pode conosco", "Tem chance", "Vamos vencer". Jamais me esquecerei do dia em que a Rússia ganhou da favorita Holanda por 3 a 1, na Euro 2008. A festa nas ruas foi digna de final de Copa do Mundo. E a euforia para o jogo contra a Espanha foi quase igual ao marasmo pós-jogo (3 a 0 nas semifinais). Vamos ver até onde a Rússia vai este ano.


ESQUEMA TÁTICO: 4-4-2

A Rússia de Capello se baseia em forte marcação e contra-ataques. Kerzhakov e Kokorin são rápidos e, vez ou outra, recebem mais que lançamentos de Dzagoev: recebem a visita do meia no campo de ataque. 












Histórico em Copas* (clique para ampliar)


 A Rússia herdou o histórico em Copas da União Soviética.



Andreas Toscano,
publicitário, mora em Moscou há sete anos










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