segunda-feira, 2 de julho de 2018

Aqui é Trabalho



As tropas de Napoleão chegaram em Moscou em um dia ensolarado como o de hoje na capital russa, no ano de 1812. Porém, o exército francês encontrou uma cidade abandonada e uma emboscada armada pelos russos. Os franceses foram massacrados. 206 anos depois, os russos foram novamente ameaçados em seus domínios; desta vez, pelos espanhóis. E se na guerra a estratégia vale ouro, no futebol, vale vaga na próxima fase.

"Qualquer um pode ser Deus se trabalhar duro." Foi esse o mantra entoado pelo técnico russo Stanislav Cherchesov para enfrentar a Espanha no Luzhniki. Cherchesov foi goleiro do Spartak que, em 1991, conseguiu a proeza de eliminar o Real Madrid, de Fernando Hierro, nas quartas de final da Champions League, em pleno Santiago Bernabéu. Com os pés no chão, trabalho duro e inspiração no passado, Cherchesov contrariou a lógica, mais uma vez, e venceu o duelo com Hierro, agora técnico da 'Fúria'.

Em um jogo chato, a Espanha teve 75% de posse de bola, mas sem objetividade. E se não fosse pelo vacilo dos zagueiros, teríamos tido poucas emoções. Ignashevich marcou contra e abriu o placar, mas Piqué retribuiu a gentileza e levantou demais o braço na área; pênalti, que Dzyuba converteu. Empurrados pela esmagadora torcida presente ao Luzhniki, a Rússia se segurou na defesa e levou a decisão para os pênaltis. E o outrora vilão, Akinfeev, virou herói.


Igor Akinfeev viveu momentos de tensão na Copa de 2014, quando levou um frangaço contra a Coreia do Sul e falhou diante da Argélia. A Rússia caiu ainda na 1° fase e o goleiro foi desmoralizado. Quatro anos depois, ele conseguiu dar a volta por cima e, com duas defesas nos pênaltis, garantiu a anfitriã nas quartas de final.
























Com a eliminação, a Espanha reforçou a maldição contra os anfitriões. Ao todo, foram três diante dos donos da casa: em 34, para a Itália nas quartas; em 50, para o Brasil no quadrangular final; e em 2002, para a Coreia do Sul nas quartas. Os espanhóis se juntaram ao grupo de campeões mundiais que já deram adeus ao título na Rússia: Alemanha e Argentina.


No sábado, os hermanos chegaram a engrossar o jogo contra os franceses, mas não conseguiram segurar o ímpeto do jovem time de Didier Deschamps. A partida disputada em Kazan foi tensa do início ao fim, teve duas viradas no marcador e vários golaços, como o de Di María, do lado argentino, e o de Pavard, do lado francês. Quem esperava pela redenção de Messi acabou vendo o show de Kylian Mbappé. O jogador de 19 anos assombrou o mundo com uma arrancada de 64 metros a quase 32 km/h, que só foi parada dentro da área, num pênalti de Marco Rojo. O adolescente ainda marcou dois gols no 2° tempo. 

Com os dois gols, Mbappé se tornou o segundo jogador na história com menos de 20 anos a marcar mais de um gol em fase de mata-mata de Copa do Mundo. O primeiro foi Pelé, com 17 anos, em 1958.




















Companheiro de Mbappé no ataque do Paris Saint-Germain, Edinson Cavani roubou a cena no duelo entre Uruguai e Portugal. Com uma exibição cirúrgica, a Celeste despachou os atuais campeões europeus com dois golaços de Cavani. Bem marcado e apagado, Cristiano Ronaldo disse que jogará até pelo menos 40 anos — mas, ainda assim, o seu futuro na seleção portuguesa é incerto.

E Lionel Messi? Em sua quarta Copa do Mundo, o dono de cinco Bolas de Ouro se despediu mais uma vez sem marcar gols em um mata-mata de Mundial.


Enquanto argentinos, espanhóis e portugueses choram, os russos são só alegria noite adentro —  mesmo numa cidade onde o sol se põe às 21h e nasce às 4h.


Rakitić comemora a vitória. Depois de 2 gols em 4min, Croácia e Dinamarca decidiram nos pênaltis a vaga nas quartas. O croata Subaš pegou 3 cobranças e ofuscou Schmeichel pai e Schmeichel filho, que defendeu 2.