Dos quatro técnicos
semifinalistas da Copa do Mundo, poucos conhecem tão bem o próprio elenco
quanto o holandês Louis van Gaal. Desde o início da competição, sua arrogância
anda lado a lado com sua competência, alternando declarações polêmicas e variações
táticas bem sucedidas. O treinador se preparou para as mais diversas situações de
jogo e suas substituições fizeram mesmo a diferença.
Contra a Austrália,
lançou o jovem Memphis Depay para desarmar a retranca adversária e ele fez o
gol da vitória. Depois, contra o Chile, van Gaal percebeu a fragilidade rival
na bola aérea e colocou Leroy Fer, 1,88m, no lugar de Sneijder, 1,71m. Na
primeira bola pelo alto, Fer marcou de cabeça — Depay, entrando de novo na
segunda etapa, fez o segundo.
Nas oitavas, contra
o México, a Holanda perdia até os 43 minutos do segundo tempo. O técnico tirou van
Persie — mostrando a Parreira que, sim, pode-se tirar o craque do time
mesmo nas adversidades — e colocou o contestado Huntelaar. O centroavante
reserva deu o passe para o gol de Sneijder, aos 44, e cobrou, com
extrema frieza, o pênalti que deu a vitória à Laranja — aos 48.
Nas quartas, as qualidades
defensivas da Costa Rica — a melhor defesa do torneio, com apenas dois gols
sofridos — fizeram van Gaal lançar seu time à frente, com o atacante Kuyt mais
uma vez na lateral-esquerda. A Holanda pressionou, botou duas bolas na trave dos
ticos (Sneijder e van Persie), mas não conseguiu aumentar sua safra de gols,
que estacionou nos doze. Muitos pensaram: "van Gaal, desta vez, não há o
que fazer".
Mas ele tinha um
trunfo. Na prorrogação. depois que Sneijder carimbou novamente a trave de Navas,
o técnico mandou para o campo o goleiro Tim Krul no lugar de Jasper Cillessen, antevendo a disputa de pênaltis. O titular saiu contrariado, mas não deixou de
torcer pelo companheiro, que pegou a primeira cobrança, de Bryan Ruiz. Os
holandeses foram perfeitos com van Persie, Robben, Sneijder e Kuyt, e quando
Krul defendeu o último pênalti, de Umañas — herói contra a Grécia —, o mundo teve certeza de que van Gaal tomou a
melhor decisão.
O que o holandês mostrou até aqui na Copa do Mundo prova que técnico ganha jogo, sim. Mas também perde.