quarta-feira, 7 de maio de 2014

2014 | Reunião de Família



Pela pontualidade, parecia a convocação da seleção inglesa. Pela elegância de Felipão, parecia a convocação da seleção francesa. Pela estrutura do evento, parecia a convocação da seleção norte-americana. Pela pronúncia de alguns clubes, parecia a convocação da seleção bósnia. Pela lista de craques, só poderia ser a convocação da Seleção Brasileira.

O primeiro pontapé do Mundial de 2014 foi dado nesta quarta-feira, no teatro Vivo Rio, no Rio de Janeiro. E que golaço: dois telões de LED, cada uma com cerca de 15 metros quadrados, uma bandeira do Brasil do tamanho de um prédio de quatro andares, tradução simultânea, buffet variado e mais de 870 profissionais credenciados. A grandiosidade da organização estava de acordo com o peso da camisa verde-amarela.

Foram sete meses de planejamento para organizar um evento que chamou a atenção do mundo por pouco menos de dois minutos. De terno e exatamente às 11h30, o técnico Luiz Felipe Scolari convocou pela segunda vez a Seleção Brasileira para uma Copa do Mundo. E, dessa vez, sem surpresas.

 O Teatro Vivo Rio, palco da convocação. Ao lado de Felipão estavam o seu auxiliar, Flavio Murtosa, e o coordenador da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira. Depois, juntaram-se à mesa o presidente da CBF, José Maria Marin, e o próximo comandante da entidade, Marco Polo Del Nero.

Há 12 anos, com os cabelos não tão brancos e o coração não tão aberto, Felipão deixou a sensibilidade de lado e fechou os ouvidos para a voz do povo, que clamava por Romário. No fim das contas, sem o Baixinho, o Brasil conquistou o penta.

De 2002 para 2014, o número de estrangeiros na lista final subiu de 10 para 19, o que mostra a notada evolução do mercado da bola. Se em 2002 o nome de Anderson Polga era o mais polêmico, em 2014 foi a vez do zagueiro Henrique, do Napoli, dividir opiniões. Se a escolha não agrada a gregos e troianos, ao menos é coerente com as convicções do treinador — o quarto zagueiro trabalhou com o técnico no Palmeiras, em 2012. “O Henrique é um jogador em que confio.” Ponto final.



Felipão declarou que ontem, toda a comissão técnica observou uma série de detalhes para a indicação do quarto zagueiro. "Tivemos nossas discussões, por que isso ou aquilo, e decidimos pela convocação do Henrique".

Nove jogadores haviam sido confirmados anteriormente pelo treinador: Julio César, Thiago Silva, David Luiz, Ramires, Oscar, Willian, Paulinho, Fred e Neymar. Especialmente para este último, a convocação teve um gostinho especial. Preterido por Dunga na última Copa, o craque foi obrigado a esperar quatro anos para realizar "um sonho de criança", como ele mesmo disse. Agora, carrega na camisa 10 da Seleção a responsabilidade de ser o principal jogador do time. 

As dúvidas — que só existiam na cabeça dos torcedores — estavam na defesa. Vítor (não Diego Cavalieri), Maicon (não Rafinha), Henrique (não Miranda) e Maxwell (não Filipe Luís) levaram a melhor sobre seus concorrentes entre parênteses e, ao que tudo indica, estarão treinando na Granja Comary no final do mês.

A verdade é que os convocados, além de comemorar, devem manter-se alertas. A maioria dos nomes está em fim de temporada na Europa e, historicamente, a Seleção Brasileira é assombrada por cortes às vésperas do Mundial. O próprio Felipão viveu essa situação em 2002, com a contusão de Emerson — Ricardinho foi em seu lugar.

Na próxima terça-feira, sete jogadores serão chamados para ficar de sobreaviso caso algum dos escolhidos de hoje seja cortado. Por isso, não se desfaça da sua figurinha do Robinho ainda. No coração da ‘Família Scolari’ sempre cabe mais um.

Carlos Alberto Parreira observa a belíssima estrutura do Teatro Vivo Rio. "Claro que em uma convocação para a Copa do Mundo sempre há um ou outro jogador, esperado por muitos, que acaba ficando de fora", comentou o coordenador técnico. Porém, desta vez, isso não aconteceu.


Confira a lista dos 23 convocados: