terça-feira, 18 de junho de 2019

Com 'La Pulga' Atrás da Orelha



4 de julho de 1993. Com dois gols de Batistuta, a Argentina vence o México por 2 a 1, em Guayaquil, e conquista seu 14° título sul-americano. 5 de setembro de 1993. Dois meses depois, pelas Eliminatórias da Copa dos EUA, a seleção alviceleste leva uma acachapante goleada por 5 a 0 da Colômbia em pleno Estádio Monumental de Núñez, com dois gols de Rincón e Asprilla. Além da humilhação, a Argentina perde uma invencibilidade de 31 jogos — não perdia desde a final da Copa de 90, para a Alemanha — e sofre sua primeira derrota em casa na história das Eliminatórias. Depois desse dia, a seleção argentina nunca mais foi a mesma. Nem a Colômbia.


Rincón marca o primeiro: com dribles desconcertantes e lances estonteantes, a dupla Asprilla & Rincón infernizou a zaga argentina naquela que é considerada a maior vitória da história da Colômbia.
















Curiosamente, o jogo em Buenos Aires foi um divisor de águas para ambas as seleções. Após o vexame, Diego Maradona voltou ao time para ajudar a Argentina na repescagem contra a Austrália. Entretanto, no Mundial do ano seguinte, Dieguito caiu no antidoping, ofuscando o belo futebol da seleção no início do torneio. A Argentina acabou eliminada pela Romênia (3 a 2) nas oitavas de final, num dos melhores jogos da história das Copas. Lionel Messi tinha 7 anos.

Por outro lado, a goleada colocou a Colômbia no mapa do futebol. A seleção 'cafetera' virou favorita para ganhar a Copa, segundo o Rei Pelé — o que, acredite, era um palpite bastante respeitável à época. Mas o sucesso subiu à cabeça, e a Copa de 94 foi um absoluto desastre para o futebol colombiano, que acabou com o assassinato do zagueiro Andrés Escobar. Porém, ao longo prazo, aquele time entrou para história, inspirando as gerações que viriam depois.

Foram sete anos de espera até a seleção que encantou o mundo levantar uma taça — sua primeira e única. Sede da Copa América de 2001, a Colômbia já não tinha Valderrama e nem Asprilla, mas contava com o apoio de um país inteiro que se anestesiava com o futebol diante da mistura de tensão social, insegurança e medo. Não deu outra: o time 'cafetero' ganhou todas as sete partidas que fez, com 11 gols a favor e nenhum contra. A seleção mudou a cara do país. James Rodríguez tinha 10 anos.


Iván Córdoba marca contra o México o gol do título. Muitos alegaram que a Colômbia só ganhou a Copa América porque a Argentina havia desistido de participar, devido ao clima de guerra civil.



















Sábado, na Fonte Nova, James e Messi voltaram a se encontrar. Um confronto marcado pela supremacia do craque argentino, que somava quatro vitórias e dois gols no duelo com o colombiano, incluindo jogos entre seleções e Barça x Real. A expectativa era grande, mas a monotonia tomou conta do 1° tempo, praticamente sem lances de perigo dos dois lados — ainda que a Colômbia tenha tido mais posse de bola. James se escondeu na marcação adversária e Messi brincou de gato e rato com o próprio time: se voltava para buscar a bola o time não tinha poder ofensivo, se ia para perto da área a bola não chegava.

Depois do intervalo, a Argentina voltou mais acesa e dominou os primeiros 25 minutos. Até que James resolveu jogar e lançou para Roger Martínez; ele acertou um chute "alá Cebolinha", sem chances para Armani, e abriu o placar. 15 minutos depois, em mais uma jogada pela esquerda da defesa argentina, Tesillo cruzou rasteiro e Zapata, esperto entre os zagueiros, desviou para o gol. Era, enfim, a vitória de James no duelo de seleções.

Roger Martínez entrou ainda no 1° tempo após a lesão de Muriel. O jogador passou pelas
categorias de base de quatro times argentinos, entre eles Boca Juniors e Racing.




















A derrota na estreia trouxe de volta os fantasmas do passado: pressão sobre um técnico inexperiente, a falta de títulos e as cobranças em cima de Messi. Mas a verdade seja dita: a culpa é de Asprilla & Cia, que acabaram com a moral dos argentinos lá atrás.


A seleção argentina não tem jogo coletivo e depende
exclusivamente dos lampejos de Messi, o que não têm acontecido.