Na história recente de sucesso da seleção espanhola,
nenhuma dupla foi tão vitoriosa quanto Fernando Torres e David Villa. Campeões da
Europa e do mundo, Villa (59) e Torres (38) são os maiores artilheiros da Fúria, separados apenas por Raúl (44). Além disso, Torres marcou o gol do título, em 2008, e
Villa foi um dos artilheiros da Copa de 2010. No entanto, com a queda de rendimento
de Torres e o aparecimento de novos talentos, como Pedro e Diego Costa, a dupla
acabou sendo desfeita. Depois disso, a Espanha nunca mais foi a mesma.
Em 2013, perdeu a
Copa das Confederações de goleada para o Brasil. Em 2014, foi humilhada pela
Holanda. Eliminada com a pior campanha do Mundial antes da última rodada, a
Espanha enfrentou a Austrália ao menos para se despedir com o resto de honra
que lhe sobrava. Para tanto, Vicente del Bosque reviveu a dupla que o consagrou como técnico.
Lá estavam eles no gramado da Arena da Baixada. Municiados por Iniesta — em seu centésimo jogo pela Roja — Villa e Torres marcaram cada um o seu golzinho. Villa foi mais ousado, e
completou de letra o cruzamento de Juanfran, após lançamento de Iniesta. Torres, mais objetivo, e tocou de chapa na saída do goleiro, depois da enfiada cirúrgica
do camisa 6. Com outra assistência de Iniesta, Juan Mata completou o placar de 3 a 0 para uma Espanha de alma
lavada.
A geração mais talentosa e vencedora da Espanha disse adeus ao
bicampeonato mundial, mesmo jogando a sua melhor partida em muito tempo. Não por acaso, com Fernando Torres e David Villa juntos no ataque — pela
última vez.
Louis van Gaal reclamou
dos horários dos jogos: queria saber por que o Brasil jogaria mais tarde, já
sabendo quem seria o seu adversário. Depois, ele mesmo respondeu: "O
Brasil não quer enfrentar a Holanda". Pode parecer arrogância do treinador
holandês, mas ele sabe bem que tem em mãos um time capaz de acabar com a
alegria de muitas torcidas — no caso, a torcida anfitriã.
Os chilenos também
sabem disso. Nas arquibancadas do Itaquerão, o mar vermelho era maior, mas dentro de
campo a Laranja mostrou quem é que manda no Grupo B. Sem van Persie, ficou a
cargo de Robben levar a Holanda a sua terceira vitória seguida na competição. A
empolgação chilena acabou com os gols dos reservas Fer e Memphis Depay, no
segundo tempo — o último após uma arrancada tradicional de Robben.
Os chilenos, que
encantaram dentro de campo — principalmente contra a Espanha —, agora enfrentam
o Brasil nas oitavas de final. A julgar pelo histórico do confronto em Copas, o
conto de fadas não terá um final feliz.