Assim como em Belo
Horizonte, a febre amarela invadiu Brasília. Mas ninguém ficou de cama, muito
pelo contrário: todos de pé, pulando, cantando e apoiando a seleção cafetera.
Têm sido assim as partidas da Colômbia na Copa do Mundo. E o melhor: com gols e
vitórias emocionantes.
Contra a Costa do
Marfim, talvez o adversário mais difícil do grupo, a equipe colombiana começou melhor,
criou três boas oportunidades nos primeiros 15 minutos, mas não conseguiu tirar
o zero do placar na etapa inicial. Ainda sem Drogba, os marfinenses equilibraram
as ações no segundo tempo, e o jogo ficou bom.
A pedidos, Drogba entrou aos 18 minutos. Entretanto, o "efeito Drogba" desta vez não deu resultado: logo em seguida, James Rodríguez foi para a área e cabeceou firme no primeiro gol colombiano. Seis minutos depois, Serey Die perdeu a bola no campo de defesa e Quintero partiu sozinho com ela dominada para fazer o segundo. A Costa do Marfim não se entregou e foi com tudo para cima. Gervinho descontou em um lindo lance individual. Mas ficou nisso. Agora, a febre amarela segue para Cuiabá. O Pantanal vai ficar pequeno.
A América do Sul continuou em alta no clássico dos desesperados. Uruguai e Inglaterra não podiam nem pensar
em perder, o que significaria, muito provavelmente, uma eliminação precoce.
Embora os times se equiparassem, os uruguaios tinham uma pequena vantagem sobre
os ingleses: a volta de Luis Suárez.
Suárez é a prova de que um único
jogador pode transformar um time: na estreia contra a Costa Rica, a ausência do
artilheiro foi evidentemente decisiva para a derrota. E pode também transformar
uma torcida: acanhada frente aos costarriquenhos, os charruas foram mais
vibrantes nas arquibancadas de São Paulo.
Uma faixa na torcida saudando o rei
Suárez — God Save the King, uma paródia ao hino bretão — parecia prever o que
aconteceria. Herói, santo ou salvador da pátria, não importa; era ele quem
deveria decidir a partida — e foi. Aos 39 do primeiro tempo, Cavani jogou a
bola na área e o camisa 9 tocou de cabeça, no contrapé de Hart: 1 a 0.
Enquanto Suárez renascia sobre o joelho
esquerdo operado, a Inglaterra lidava com uma maldição: Wayne Rooney em nove
partidas de Copa do Mundo jamais fizera um gol. No primeiro tempo, ele bateu
uma falta rente à meta de Muslera e cabeceou uma bola na trave; no segundo, se livrou da
praga. No cruzamento de Glen Johnson, Rooney completou para o gol vazio. Aquele
momento tardio entalado na garganta virou grito de gol. Os ingleses acreditaram
que a maldição havia terminado. Ledo engano. Descobriram que o verdadeiro
infortúnio era perder a partida e a classificação a cinco minutos do fim.
Muslera chutou para frente, Cavani
escorou de cabeça e a bola sobrou para Luisito dentro da área. Hart olhou para
o atacante e pensou "de novo não". O goleiro, que não sofreu gols do
atacante pelo Manchester City na última Premier League, saiu para fechar o
ângulo, mas o arremate foi forte e preciso: 2 a 1. Alegria e choro na comemoração de quem esteve por pouco tempo fora da Copa do Mundo.
O Uruguai destronou o time da
rainha, e reverenciou o seu rei.
Os súditos japoneses
fizeram muito barulho. Ao som de "Nippon! Nippon!", a Arena das Dunas foi toda do Japão. Os
poucos gregos, calados, assistiram ao ídolo Mitroglou entrar como titular e
sair depois de meia hora de jogo, com a expulsão de Katsouranis. Os helênicos
tinham um a menos, contudo mais disposição. O Japão, que era melhor até o cartão vermelho,
cedeu espaço e viu a Grécia desperdiçar algumas boas chances. Os nipônicos
recuperaram as rédeas da partida depois do intervalo, mas a pontaria dos
samurais com a bola não foi a mesma da com espadas. O empate sem gols acabou sendo
ruim tanto para Japão quanto para Grécia, que precisam entre outras coisas,
vencer Colômbia e Costa do Marfim, respectivamente, na rodada final. Uma tarefa árdua mesmo para deuses e super-heróis.