sábado, 21 de junho de 2014

Deus Salve Suárez













Assim como em Belo Horizonte, a febre amarela invadiu Brasília. Mas ninguém ficou de cama, muito pelo contrário: todos de pé, pulando, cantando e apoiando a seleção cafetera. Têm sido assim as partidas da Colômbia na Copa do Mundo. E o melhor: com gols e vitórias emocionantes.

Contra a Costa do Marfim, talvez o adversário mais difícil do grupo, a equipe colombiana começou melhor, criou três boas oportunidades nos primeiros 15 minutos, mas não conseguiu tirar o zero do placar na etapa inicial. Ainda sem Drogba, os marfinenses equilibraram as ações no segundo tempo, e o jogo ficou bom.



















A pedidos, Drogba entrou aos 18 minutos. Entretanto, o "efeito Drogba" desta vez não deu resultado: logo em seguida, James Rodríguez foi para a área e cabeceou firme no primeiro gol colombiano. Seis minutos depois, Serey Die perdeu a bola no campo de defesa e Quintero partiu sozinho com ela dominada para fazer o segundo. A Costa do Marfim não se entregou e foi com tudo para cima. Gervinho descontou em um lindo lance individual. Mas ficou nisso. Agora, a febre amarela segue para Cuiabá. O Pantanal vai ficar pequeno.














A América do Sul continuou em alta no clássico dos desesperados. Uruguai e Inglaterra não podiam nem pensar em perder, o que significaria, muito provavelmente, uma eliminação precoce. Embora os times se equiparassem, os uruguaios tinham uma pequena vantagem sobre os ingleses: a volta de Luis Suárez.

Suárez é a prova de que um único jogador pode transformar um time: na estreia contra a Costa Rica, a ausência do artilheiro foi evidentemente decisiva para a derrota. E pode também transformar uma torcida: acanhada frente aos costarriquenhos, os charruas foram mais vibrantes nas arquibancadas de São Paulo.




Uma faixa na torcida saudando o rei Suárez — God Save the King, uma paródia ao hino bretão — parecia prever o que aconteceria. Herói, santo ou salvador da pátria, não importa; era ele quem deveria decidir a partida — e foi. Aos 39 do primeiro tempo, Cavani jogou a bola na área e o camisa 9 tocou de cabeça, no contrapé de Hart: 1 a 0.

Enquanto Suárez renascia sobre o joelho esquerdo operado, a Inglaterra lidava com uma maldição: Wayne Rooney em nove partidas de Copa do Mundo jamais fizera um gol. No primeiro tempo, ele bateu uma falta rente à meta de Muslera e cabeceou uma bola na trave; no segundo, se livrou da praga. No cruzamento de Glen Johnson, Rooney completou para o gol vazio. Aquele momento tardio entalado na garganta virou grito de gol. Os ingleses acreditaram que a maldição havia terminado. Ledo engano. Descobriram que o verdadeiro infortúnio era perder a partida e a classificação a cinco minutos do fim.





Muslera chutou para frente, Cavani escorou de cabeça e a bola sobrou para Luisito dentro da área. Hart olhou para o atacante e pensou "de novo não". O goleiro, que não sofreu gols do atacante pelo Manchester City na última Premier League, saiu para fechar o ângulo, mas o arremate foi forte e preciso: 2 a 1. Alegria e choro na comemoração de quem esteve por pouco tempo fora da Copa do Mundo.

O Uruguai destronou o time da rainha, e reverenciou o seu rei.











Os súditos japoneses fizeram muito barulho. Ao som de "Nippon! Nippon!", a Arena das Dunas foi toda do Japão. Os poucos gregos, calados, assistiram ao ídolo Mitroglou entrar como titular e sair depois de meia hora de jogo, com a expulsão de Katsouranis. Os helênicos tinham um a menos, contudo mais disposição. O Japão, que era melhor até o cartão vermelho, cedeu espaço e viu a Grécia desperdiçar algumas boas chances. Os nipônicos recuperaram as rédeas da partida depois do intervalo, mas a pontaria dos samurais com a bola não foi a mesma da com espadas. O empate sem gols acabou sendo ruim tanto para Japão quanto para Grécia, que precisam entre outras coisas, vencer Colômbia e Costa do Marfim, respectivamente, na rodada final. Uma tarefa árdua mesmo para deuses e super-heróis.