Há cerca de um mês, a Seleção Brasileira perdia para o Paraguai nos
pênaltis e dizia adeus à Copa América. A final que todos esperavam, entre
Brasil e Chile, em Santiago, havia sido adiada. Mas agora tem data marcada: 5
de outubro de 2015. O sorteio das eliminatórias para a Copa de 2018, realizado
no último sábado, em São Petersburgo, reservou ao Brasil uma estreia nada
fácil: fora de casa, contra o atual campeão sul-americano. Não vale título, é
verdade, mas vale uma vaga no Mundial da Rússia. E se levarmos em consideração
que o Chile tem, hoje, sua melhor geração de futebolistas, respaldada por um
título continental inédito, e que as outras seleções do continente evoluíram
consideravelmente, a partida de 5 de outubro é, sim, uma final.
Se já não bastasse todo esse clima de decisão, o Brasil não terá
Neymar, suspenso nas duas primeiras rodadas das eliminatórias. O craque
brasileiro volta a vestir a amarelinha somente na terceira rodada, logo contra
a arquirrival Argentina, em Buenos Aires. Para muitos, o único grande jogador
desta geração vai fazer falta até mesmo na segunda partida, em casa, contra a
Venezuela — que já deixou de ser boba no futebol faz tempo. Porque, para
muitos, o resgate da autoestima do futebol brasileiro depende apenas de Neymar.
Diferentemente das outras zonas de classificação, cheias de
pré-fases e grupos, as eliminatórias sul-americanas são simples. Os dez países
disputarão partidas entre si de ida e volta, em casa e fora. As quatro melhores
equipes vão ao Mundial. Nas 18 rodadas, entre outubro de 2015 e novembro de
2017, a Seleção reencontrará velhos e temíveis adversários. Além dos já citados
Chile e Venezuela, o Brasil terá pela frente o bom time do Peru, semifinalista
nas últimas duas edições de Copa América; enfrentará a ótima Colômbia, para
quem perdeu recentemente; encarará as altitudes de Quito e de La Paz, onde é
sempre complicado jogar; confrontará o Uruguai no mítico Centenário, onde só
venceu uma vez nos últimos 40 anos; e pegará o Paraguai, seu mais novo carrasco
continental. Se as coisas não saírem como o esperado, o Brasil ainda terá a
oportunidade de se classificar na repescagem: o quinto
colocado enfrentará o vencedor das eliminatórias na Oceania. Isto é: a chance
de cinco países sul-americanos disputarem o Mundial de 2018 é gigantesca. Mesmo
assim, não se pode dizer que o Brasil será um deles.
A rigor, a Seleção Brasileira só teve dificuldades, de fato, em
duas eliminatórias: a primeira, para a Copa de 94, e a segunda, para a de 2002,
a única desde que o sistema das eliminatórias passou a ser o atual, com todos
contra todos. Já as classificações para 2006 e 2010
foram conquistadas com os pés nas costas, com o Brasil terminando em primeiro
lugar em ambas. Em 94 e 2002, ganhou a Copa. Em 2006 e 2010, não passou das
quartas de final. Mas isso não significa que uma campanha sofrida nas
eliminatórias seja sinal de uma campanha vitoriosa no Mundial. Com dificuldades ou não, o certo é que uma Copa do Mundo sem o
Brasil é uma derrota nível 7 a 1 — se bem que nada é pior que os 7 a
1.
Mas calma, ainda dá. Até porque as eliminatórias só começam daqui a dois
meses.
O Brasil estreia contra o Chile (fora). Depois vêm Venezuela (casa), Argentina (fora), Peru (casa), Uruguai (casa), Paraguai (fora), Equador (fora), Colômbia (casa), Bolívia (casa) e todo o returno. |