O Irã é uma das civilizações
mais antigas do mundo, que começou com a formação do reino de Elam em 2800 a.C.
Mas a Argentina não quis nem saber de respeitar os mais velhos: foi para cima dos
iranianos, no Mineirão, com o seu quarteto fantástico: Di María, Agüero, Messi e
Higuaín. Porém, no primeiro tempo, o quadrado mágico esbarrou na muralha vermelha do Oriente Médio.
Os iranianos, que
não esconderam estar em campo só para se defender, resolveram se aventurar ao
ataque na segunda etapa. Sergio Romero foi finalmente testado na Copa, e se
saiu bem. A torcida mineira vibrou a cada decida perigosa dos persas, até que
um belo jogador adormecido despertou, no lance final, para salvar a pátria platina.
Um time que tem Messi
tem que acreditar. E, mesmo apagado durante 90 minutos, Lionel acreditou até o
fim. Nos acréscimos, pegou a bola no bico da área, levou para dentro, cortou e
bateu. A curva foi como sempre: sem defesa para qualquer goleiro no mundo — não
seria Haghighi a conseguir tal feito.
No sufoco e no
suor, Messi guardou seu segundo gol na Copa: no fundo da rede e da memória de
todos os torcedores, sejam eles argentinos ou não. Porque todo mundo sabe que a Argentina só venceu porque tinha Messi.
Se a Argentina tem
Messi, a Alemanha tem Klose. Diferente do argentino, o alemão-polaco nunca foi
eleito o melhor do mundo, mas ainda assim é o maior de todos. Artilheiro por
onde passa, Klose entrou no último sábado para o seleto grupo de "maiores artilheiros
da história da Copa", onde antes só havia Ronaldo, o Fenômeno.
A partida contra
Gana não parecia problema para uma Alemanha que vinha de goleada contra
Cristiano Ronaldo. Mas o primeiro tempo sem gols mostrou que os ganeses não eram
carta fora do baralho. Neuer, por exemplo, trabalhou mais que Dauda, o goleiro
africano. Mesmo assim, quando o pequenino Götze abriu o placar de cabeça / joelho
logo a cinco minutos do segundo tempo, os alemães tiveram a certeza da vitória.
Certeza que virou preocupação com o ímpeto ganês. Três minutos depois, Andre Ayew, só de cabeça, empatou o jogo. Não demorou muito, veio a virada. O passe de Lahn foi interceptado e a bola sobrou para Asamoah Gyan marcar pela terceira Copa seguida: 2 a 1. Aos 23 minutos, entre vaias, o telão do Castelão anunciou Miroslav Klose.
Bastaram dois
minutos. Schweinsteiger cobrou o escanteio, Höwedes desviou de cabeça e Klose
se atirou para, com a sola da chuteira, deixar tudo igual novamente: seu 15°
gol em Mundiais. Gana sentiu o golpe, até porque tivera chance de liquidar a
partida poucos segundos antes. No lance final, Thomas Müller cabeceou o ombro do zagueiro
Boye e caiu no gramado com o rosto ensanguentado. Ironia de um time que não deu
o sangue pela vitória.
Se a Argentina tem
Messi, se a Alemanha tem Klose, a Bósnia não tem ninguém para se salvar. Pelo
menos em sua primeira Copa do Mundo. A decepção bósnia na Arena Pantanal contrastou
com a primeira vitória nigeriana desde 1998, acabando com uma sequência de dois
empates e sete derrotas. O mérito nigeriano é ainda maior: ao lado do México, as
Super Águias ainda não sofreram gols no Mundial.