terça-feira, 1 de julho de 2014

8° de Final | A Vingança do Maracanã













Quando o uruguaio Gigghia invadiu a área pelo lado direito da defesa brasileira e chutou entre a trave e Barbosa, o fantasma apareceu. Mas ao contrário de outras assombrações, este não provocou gritos; apenas o silêncio. Durante 64 anos, o Maracanã conviveu com o espectro celeste, até que o Uruguai voltou a disputar uma partida de Copa do Mundo no palco da tragédia. E graças a James Rodríguez — uma espécie de caça-fantasmas moderno —, a tão esperada revanche da Copa de 50, entre Brasil e Uruguai, não acontecerá. O fantasma disse adeus.

O Maracanã estava dividido. De um lado, a febre amarela em êxtase pela melhor seleção colombiana da história das Copas. Do outro, a ira uruguaia estampada em cada máscara de Suárez e nas faixas de desprezo contra a punição do jogador. Os sentimentos puderam ser sentidos dentro de campo, o que tornou a partida tensa desde o início.





















A habitual força de vontade uruguaia podia ser vista a cada dividida mais calorosa, contrapondo-se à tradicional habilidade colombiana. Dos pés de James (leia-se "Rãmes") surgiu o melhor exemplo de como os cafeteros sabem tratar a bola com carinho. Ele a matou no peito e, sem deixá-la cair, mandou de canhota no gol de Muslera. A bola roçou o travessão e morreu na rede. Aos 28 do primeiro tempo, o mundo assistia a um dos gols mais bonitos desta Copa do Mundo — se não o maior.

A valentia uruguaia contrastava com um time sem alma (Suárez), que lutava para manter o fantasma vivo. Porém, o time de Jose Perkerman era muito superior. O segundo gol, na etapa complementar, foi uma prova disso. A Colômbia rodou a bola de pé em pé, até que Armero cruzou para Cuadrado, que ajeitou de cabeça para James, na pequena área, marcar o seu quinto gol na Copa do Mundo — deixando para trás ninguém mais ninguém menos que Messi, Neymar e Müller.

O fim do jogo foi um alívio para o coração celeste. Naquela tarde, a Colômbia, com 100% de aproveitamento, foi imbatível. Enquanto colombianos e uruguaios saiam de cena, cada qual com sua alegria ou tristeza, ao fundo, o Maracanã ria baixinho.