O Tapete Persa
Apesar de só ter disputado quatro Copas do Mundo, está é a terceira presença do Irã nas últimas cinco edições. Este pode ser um indicativo de certo destaque
no cenário regional, muito embora não conquiste a Copa da Ásia desde 1976, quando,
inclusive, sediou o torneio. Tal imagem pode ser reforçada se lembrado o último
jogo das Eliminatórias: vitória por 1 a 0 contra os sul-coreanos, em Seul — presentes
em Copas desde 1986 —, o lhe valeu o primeiro lugar da chave.
Copa de 98, Estados Unidos vs. Irã, em Lyon. Depois da partida, os jogadores das duas equipes posaram misturados para a foto. |
Talvez sua participação mais memorável em Copas tenha sido justamente quando da sua única vitória até aqui: 2 a 1 contra os Estados Unidos, em 1998, com tentos anotados por Estili e Mahdavikia. Memorável mais pelo aspecto político que pelo esportivo. Sabe-se que as relações exteriores entre os dois países são, usando um eufemismo, pouco amistosas. O filme ganhador do Oscar de 2013, Argo, ajuda a entender o início de tamanha tensão entre a maior potência do planeta e um dos regimes políticos mais fechados existentes.
No Brasil, as equipes de Irã e Estados Unidos novamente estarão próximas, mas não se enfrentarão nos gramados. O Irã utilizará as instalações do Corinthians, na capital paulista, enquanto seus arquirrivais políticos estarão no Centro de Treinamento do São Paulo FC, arquirrivais dos alvinegros na maior cidade brasileira.
ESSE CONHECE: o principal destaque à disposição do técnico português Carlos Queiroz é o capitão Javad Nekounam, meia de 33 anos do Al-Kuwait e ex-Osasuña, que vai para o seu segundo Mundial. |
Em campo, a seleção iraniana pode ser apontada como um dos maiores azarões desta Copa. Se em 1998 e 2006 não se esperava muito dela — e os resultados comprovam isso —, em 2014 uma surpresa é ainda mais improvável. É certamente um dos elencos mais fracos da competição, com seus jogadores escolhidos em clubes locais, principalmente nas três forças da Pro League: Persepolis, Esteghlal e Sepahan.
Os poucos que jogam
em ligas europeias atuam em times de pouca representatividade como NEC (da
Holanda), Sporting da Covilhã (da segunda divisão portuguesa), Las Palmas (da
segunda divisão espanhola), Eintracht Braunschweig (cujo terceiro goleiro,
Daniel Davari, é reserva na equipe rebaixada para a segunda divisão alemã) e os
londrinos Fulham e Charlton (da segundona inglesa).
Mesmo num grupo com
Argentina, Nigéria e Bósnia & Herzegovina, que está longe de ser o mais
encardido, é muito provável que os asiáticos somem mais três derrotas em seu
currículo de mundiais. Aí é só arrumar as malas, varrer a sujeira para baixo do
tapete — persa —, voltar para Teerã e tentar a classificação daqui a quatro anos, mais uma vez.
NO ESQUEMA:
4-4-2
Tanto os gols
quanto as melhores jogadas de ataque passam pelos pés de Nekounam. No entanto,
não é o bastante. Não há um setor que possa dar esperanças ao "Team Melli".
A defesa é frágil, a armação pouco criativa e o ataque deficiente.
Histórico em Copas (clique para ampliar) |
Adriano 'Carica',
sofredor, torcedor do Vasco e da Lusa,
se acha o mais
paulista dos cariocas