Eu não acreditava na França
Confesso que não
esperava a classificação da França para a Copa do Mundo. O grupo, com a
favorita Espanha, praticamente condenava os azuis à repescagem europeia. Porém,
aos poucos o time mostrou que poderia surpreender. O empate histórico contra a
fúria, em Madrid, aos quarenta e nove do segundo tempo, na quarta rodada, foi
um sinal.
A irregularidade
dos franceses foi comprovada no empate com a Geórgia e na pipocada para a
Espanha, em Paris. A derrota por 1 a 0, gol de Pedro, obrigou a equipe a
encarar a Ucrânia no mata-mata. Com melhor campanha, ganhou o benefício de
decidir em casa e não fosse o auxílio da torcida dificilmente a seleção estaria
hoje qualificada para a Copa no Brasil. Derrota por 2 a 0 em Kiev e resultado
revertido em Paris. O placar de 3 a 0 teve a marca do zagueiro Sakho (uma
espécie de Ronaldão francês), do Liverpool: ele fez o primeiro e participou
efetivamente no terceiro.
A festa francesa em Paris. Os azuis, que não vieram em 50, correram o risco de ficar fora outra vez de uma Copa aqui. |
Continuo não acreditando
Se eu não
acreditava na classificação para a Copa continuo não acreditando muito na
seleção para o Mundial. Apesar de estar num grupo relativamente fácil, com
Honduras, Suiça e Equador, não sinto o time à vontade. O ponto forte da equipe,
sem dúvidas, é o meio-campo, mesmo sem a experiência de duas Copas de Frank
Ribèry, cortado por um problema de lombalgia.
Pogba é candidato à
revelação. O volante do Juventus está sempre nas listas de contratações dos
grandes do futebol mundial. E ao lado de Matuidi, eficiente marcador do Paris
Saint-Germain, forma um meio-campo de respeito. Completam o meio-campo,
Valbuena e Cabayet. Valbuena é aquele tipo de jogador que sabe explorar a boa
colocação dos atacantes; Cabayet é limitado e quase sempre reserva no PSG. Na
frente, Benzema deve ter a companhia de Giroud para as jogadas aéreas.
FIQUE DE OLHO: Paul Pogba, 21 anos, foi formado nas categorias de base do Manchester United. Marca bem, chega ao ataque e é fazedor de gols. |
Errou, Professor
O meia Nasri,
articulador do campeão inglês Manchester City, não foi convocado por Deschamps.
Alguns dizem que ele iria prejudicar o ambiente do grupo. Tudo começou durante
a última Eurocopa: após ser substituído na eliminação para a Espanha, Nasri
dirigiu ofensas à torcida. Ficou um tempo sem ser chamado e quando retornou
teria causado outras intrigas. Ali a porta se fechou e jamais se abriu
novamente. A não convocação de Nasri revoltou a indignada namorada do atleta.
Ela não poupou ofensas nas redes sociais. Cá entre nós, eu teria chamado o
meio-campista.
Se não for primeiro, complica
Passando de fase, o
time terá pela frente adversários do grupo da Argentina. E é bom ficar em
primeiro caso sonhe com as quartas. Os argentinos, sem dúvida, são favoritos ao
título. Se tiver a melhor campanha da chave, os franceses irão encarar, provavelmente, a Bósnia. Aí a França assume o
papel de favorita e, caso alcancem a classificação, o caminho óbvio é enfrentar
a Alemanha. Uma boa oportunidade dos "Bleus" vingarem as eliminações
para os rivais nas copas de 82 e 86.
ESSE É O CARA: Karim Benzema está em grande fase e com moral. Foi campeão europeu com o Real Madrid. Na falta de Ribèry, todas as atenções (e responsabilidades) se voltam para o camisa 10. |
NO ESQUEMA: 4-4-2
O técnico Didier
Deschamps montou uma equipe forte na marcação, com três volantes e um meia de
criação. O apoio dos laterais é fundamental para os atacantes: Benzema e Giroud, fortes nas bolas aéreas.
Histórico em Copas (clique para ampliar) |
Fabricio Bosio,
jornalista esportivo da TV Record e TV Band