Zito partiu num contra-ataque rápido e lançou
Amarildo na esquerda. O "Possesso" cortou o zagueiro e cruzou fora do
alcance do goleiro tcheco. Zito acompanhou o lance e, livre de marcação, só
encostou a cabeça para virar o placar: Brasil 2 a 1. A Seleção ainda faria o
terceiro, que sacramentaria o bicampeonato mundial em terras chilenas. O Brasil
que jogou em Santiago em 17 de junho de 1962 mereceu a vitória. O que jogou em
17 de junho de 2015, não.
Normalmente, o estádio Monumental David
Arellano costuma vestir-se de preto e branco, cores do Colo-Colo, time mais
tradicional da capital. Porém, estava todo amarelo. Parecia replay da Copa do
Mundo: um mar de torcedores fanáticos, enlouquecidos e incansáveis. Da
Colômbia. De azul, o Brasil foi minoria absoluta nas arquibancadas barulhentas,
que tiveram apenas um único momento de silêncio: em respeito a Zito, o eterno
capitão do bi. Mas Neymar não estava em paz.
Na manhã da partida, a justiça espanhola anunciara
que o atacante terá que responder a um processo, por supostas fraudes em sua
transferência para o time catalão. Coincidência ou não, o camisa 10 entrou em
campo mais nervoso do que de costume. A Seleção sentiu a ausência de seu
craque. A Colômbia também, e foi para cima. Aos 35min, uma falta desnecessária
na lateral do campo abriu o caminho da vitória cafetera. O ótimo Cuadrado,
companheiro de Willian, no Chelsea, cruzou e, no bate-rebate, o zagueiro
Murillo empurrou para as redes. O estádio veio abaixo.
A Seleção tentou reagir. Em jogada do
Barcelona, Dani Alves cruzou para a cabeçada de Neymar, em cima de Ospina. Pior
que não ter feito o gol foi tomar o cartão amarelo que tirou o atacante do jogo
contra a Venezuela — no rebote, ele levou a mão à bola. Dunga mexeu no
intervalo, a equipe melhorou, mas não o suficiente. Firmino perdeu gol sem
goleiro, depois que Elias ganhou a dividida com Ospina, e selou a primeira
derrota na nova era do treinador.
Nem bem Enrique Osses apitou o fim de jogo,
começou a confusão. Irritado, Neymar acertou uma bolada em Armero. Depois,
tentou dar uma cabeçada em Murillo, autor do gol colombiano, que tinha ido
tirar satisfações com o brasileiro. Estava armado o circo. Bacca chegou
empurrando Neymar com força e foi agarrado por Robinho, que rasgou-lhe a
camisa. A turma do “deixa disso” conseguiu, enfim, separar os brigões. Mas já
era tarde. O árbitro chileno, mesmo com a partida encerrada, expulsou Neymar e
Bacca. Para fechar a noite com chave de ouro, o camisa 10 culpou a arbitragem
por seus erros.
Durou bem menos do que o esperado o reinado do
craque e capitão da Seleção Brasileira nesta Copa América. Craque e capitão? Não, correção. Craque
sim. Capitão não.
Capitão era Zito.