sábado, 12 de julho de 2014

Semifinal | A Independência de Romero













Em 1816, a situação política e econômica das Províncias Unidas da América do Sul estava longe do ideal. O complexo processo de independência da região, iniciado seis anos antes com a Revolução de Maio, estava seriamente ameaçado. Para resolver os imbróglios, deputados das diferentes províncias foram convocados para o Congresso de Tucumán. Os debates, acalorados, se estenderam por quase quatro meses até que, em 9 de julho de 1816, as Províncias Unidas da América do Sul, enfim, declararam formalmente sua independência da Coroa Espanhola. 198 anos depois, no aniversário de libertação, a Nação Argentina chegou a sua quinta final da Copa do Mundo.




















O duelo entre Argentina e Holanda era o quinto capítulo de uma história de 40 anos. Apesar da vantagem dos holandeses — duas vitórias contra uma —, os argentinos levaram a melhor no mais importante dos confrontos: a final da Copa de 78. No último encontro, em 2006, em Frankfurt, o placar sem gols frustrou a imensa expectativa em torno do jogo. Em 2014, o mundo também esperava mais, mas eles novamente ficaram no 0 a 0.

Com Robben e Messi em campo, poucos poderiam acreditar que Romero seria o destaque da partida. Um goleiro baixo, que carregou por anos a desconfiança da torcida argentina, desde a fatídica eliminação em 2010, contra a Alemanha, quando levou quatro gols. Mas futebol é momento — ouviu, Felipão? —, e o momento era de Sergio Romero.




















Depois de 120 minutos de bola rolando, nada de gols, muito graças a Mascherano, que travou um chute quase certo de Robben durante a prorrogação. Era Romero x Cillessen nos pênaltis, já que o técnico Louis van Gaal abriu mão de colocar o reserva Krul, como fizera contra a Costa Rica. Sem polêmica e com a chance de provar o seu valor, o goleiro holandês não pegou nenhuma cobrança — quatro acertos argentinos —, ao contrário de Romero, que defendeu as batidas de Vlaar e Sneijder. No pênalti decisivo, Cillessen fez o máximo que pôde ao tocar na bola antes de ela entrar, após a cobrança de Maxi Rodríguez. Depois de 24 anos, a Argentina estava de volta a uma final de Copa.




















Para os argentinos, basta ter o nome Sergio e uma semifinal pela frente para se tornar herói. Em 1990, na Itália, foi outro Sergio, o Goycochea, que classificou os hermanos nas penalidades máximas. A história se repete, mas que, nesta terceira final contra a Alemanha, o destino de Romero seja diferente do de Goycochea, vice-campeão em 90.