Em 1816, a situação
política e econômica das Províncias Unidas da América do Sul estava longe do ideal.
O complexo processo de independência da região, iniciado seis anos antes com a
Revolução de Maio, estava seriamente ameaçado. Para resolver os imbróglios, deputados das diferentes
províncias foram convocados para o Congresso de Tucumán. Os debates, acalorados,
se estenderam por quase quatro meses até que, em 9 de julho de 1816, as Províncias
Unidas da América do Sul, enfim, declararam formalmente sua independência da
Coroa Espanhola. 198 anos depois, no aniversário de libertação, a Nação Argentina chegou a sua quinta final da Copa do
Mundo.
O duelo entre Argentina
e Holanda era o quinto capítulo de uma história de 40 anos. Apesar da vantagem
dos holandeses — duas vitórias contra uma —, os argentinos levaram a melhor no mais
importante dos confrontos: a final da Copa de 78. No último encontro, em 2006,
em Frankfurt, o placar sem gols frustrou a imensa expectativa em torno do jogo.
Em 2014, o mundo também esperava mais, mas eles novamente ficaram no 0 a 0.
Com Robben e Messi
em campo, poucos poderiam acreditar que Romero seria o destaque da partida. Um
goleiro baixo, que carregou por anos a desconfiança da torcida argentina, desde a
fatídica eliminação em 2010, contra a Alemanha, quando levou quatro gols. Mas
futebol é momento — ouviu, Felipão? —, e o momento era de Sergio Romero.
Depois de 120
minutos de bola rolando, nada de gols, muito graças a Mascherano, que travou um
chute quase certo de Robben durante a prorrogação. Era Romero x Cillessen nos
pênaltis, já que o técnico Louis van Gaal abriu mão de colocar o reserva Krul,
como fizera contra a Costa Rica. Sem polêmica e com a chance de provar o seu
valor, o goleiro holandês não pegou nenhuma cobrança — quatro acertos
argentinos —, ao contrário de Romero, que defendeu as batidas de Vlaar e
Sneijder. No pênalti decisivo, Cillessen fez o máximo que pôde ao tocar na
bola antes de ela entrar, após a cobrança de Maxi Rodríguez. Depois de 24 anos,
a Argentina estava de volta a uma final de Copa.
Para os argentinos,
basta ter o nome Sergio e uma semifinal pela frente para se tornar herói.
Em 1990, na Itália, foi outro Sergio, o Goycochea, que classificou os hermanos nas
penalidades máximas. A história se repete, mas que, nesta terceira final contra a
Alemanha, o destino de Romero seja diferente do de Goycochea, vice-campeão em
90.