segunda-feira, 16 de julho de 2018

Planeta Copa





Em 12 de abril de 1961, Yuri Gagarin vislumbrou o futuro. A bordo do Vostok 1, uma nave com apenas 4,4 metros de comprimento e 2,4 metros de diâmetro, o cosmonauta russo ficou em órbita por 108 minutos. Lá do alto, no espaço sideral, Gagarin proferiu uma famosa frase, que entrou para a história: "A Terra é azul!" — hoje, ela é mais do que nunca.
Aqui embaixo, no Planeta Copa, a inesperada final da edição de 2018 não poderia ter acontecido em outro lugar. Onde mais, senão a Rússia? Uma nação multicultural, com mais de 160 etnias diferentes em 17 milhões de quilômetros quadrados — a maior área territorial do mundo. Onde mais o trio Brasil, Alemanha e Argentina ficaria, pela primeira vez na história das Copas, sem um representante entre os quatro primeiros? Onde mais a Bélgica, a Croácia e a Inglaterra poderiam voltar a disputar uma semifinal depois de décadas?




Ronaldinho Gaúcho, campeão em 2002, marcou presença na cerimônia de encerramento. O mágico da bola deu ritmo à apresentação da soprana russa Aida Garifullina.




A saga croata neste Mundial foi coerente com a pujante história do país: apenas 26 anos de existência e tão cheia de lutas e de glórias. Encarar três prorrogações seguidas, algo inédito em Copas, é elevar a palavra superação ao nível máximo. Exausta, mas determinada, a Croácia entrou na final com praticamente 90 minutos jogados a mais que o adversário. Mas havia um restinho de fôlego no time de Zlatko Dalić, que partiu para cima no início da partida.

A França, no entanto, ficou na dela e manteve o estilo "retranqueiro" que marcou a sua campanha no Mundial e enervou os rivais: um jogo cauteloso e cercado de paciência. A dona de uma campanha quase perfeita, de cinco vitórias e um empate, sabia a hora certa de dar o bote. Aos 17min, Giezmann começou a aparecer. O camisa 7 francês trombou com a marcação e conseguiu uma falta perto da área. Na cobrança do próprio Griezmann, Mandžukić subiu com Pogba e desviou contra o patrimônio — uma ironia do destino para o herói das semifinais fazer o primeiro gol-contra da história das finais.

A Croácia não se abateu e, dez minutos depois, mostrou que ainda tinha forças. Modrić cruzou para a área e Vrsaljko escorou para o meio. Na briga entre Mandžukić e Pogba no alto, desta vez, deu o croata. A bola sobrou para Vida, que ajeitou para Perišić. Com o pé direito, o camisa 4 cortou a marcação de Kanté e, com o esquerdo, soltou um torpedo contra o gol de Lloris: 1 a 1.

A França não demorou muito para reagir. Aos 35min, a Copa da bola parada e do árbitro de vídeo deu as caras no mesmo lance. Griezmann bateu o escanteio na primeira trave, Matuidi desviou de cabeça e a bola tocou no braço de Perišić. Com a marcação de novo córner, os franceses correram para reclamar e acabaram por convencer o árbitro argentino, Néstor Pitana, a consultar o VAR. Após uma longa análise, Pitana marcou o pênalti — e, assim como Mandžukić, Perišić foi de herói a vilão. Na cobrança, Griezmann deslocou Subašić e recolocou os franceses à frente no marcador. Estava aberto o caminho para a consagração azul.

Com mais de 60% de posse de bola na primeira etapa, a Croácia voltou esperançosa a campo. Entretanto, o acúmulo de três prorrogações pesou no começo do 2° tempo. Em seis minutos, a França liquidou a fatura. Aos 13min, Pogba fez um sensacional lançamento para o veloz Mbappé, que foi à linha de fundo e serviu Griezmann. O craque francês segurou a bola e e rolou para a chegada de Paul Pogba. O volante tentou de direita e foi negado, então experimentou de esquerda e pegou Subašić no contrapé. Aos 19min, Mbappé recebeu de Hernandez e, com estilo, bateu forte e rasteiro no canto do pobre goleiro croata: 4 a 1.

Nem a lambança de Lloris, aos 23min — lembrando o goleiro Karius, do Liverpool, na final da Champions —, que Mandžukić aproveitou para diminuir a vantagem, atrapalhou a festa francesa. As três prorrogações pesaram para a Croácia. Havia tempo, mas não forças para a reação.

















O placar de 4 a 2, em 2018, foi o mais elástico em finais desde 1958, quando o Brasil venceu a Suécia por 5 a 2.





No Planeta Copa das inovações tecnológicas, conexões via satélite e imagens em tempo real em qualquer cidade do mundo, venceu a geração francesa dos filhos de imigrantes, que deram à bandeira tricolor mais cores que apenas o vermelho, o branco e o azul. A França da miscigenação e da juventude se reergueu do doloroso tropeço de dois anos atrás, na Euro em casa, quando perdeu para Portugal, de Cristiano Ronaldo. Uma revolução, agora, na bola. Griezmann, um dos mais criticados à época, virou craque da final e, por que não, craque da Copa? No histórico Estádio Luzhniki, onde um certo urso chorou décadas atrás, as lágrimas de Griezmann, filho de um alemão com uma portuguesa, foram a desforra de um talento subestimado.

E o que dizer do técnico Didier Deschamps, ou melhor, DesCHAMPION, o terceiro homem na face da Terra a conquistar duas Copas do Mundo, uma como jogador e outra como técnico? Pelé e Beckenbauer, os outros dois, certamente o aplaudiram. Na constelação dos campeões, a França tem duas estrelas, com Deschamps protagonizando ambas as conquistas.




Mbappé e Modrić recebem o prêmio de jovem revelação e melhor da Copa, respectivamente. O francês, aos 19 anos, se tornou o segundo jogador mais jovem a marcar numa final de Copa — Pelé tinha 17, em 1958. 


No último ato, depois de uma chuva de gols, veio uma chuva torrencial, literalmente. O presidente russo, Vladimir Putin, foi o primeiro a se abrigar com um guarda-chuva, enquanto o presidente Emmanuel Macron, da França, e a presidente Kolinda Grabar-Kitarović, da Croácia, abraçavam cada um dos derrotados e vitoriosos que subiam ao pódio, sem se importarem com a água que caía dos céus. 

Céu, este, que é azul, assim como Yuri Gagarin nos relatou, 57 anos atrás. E continuará assim por pelo menos mais quatro anos.










quinta-feira, 12 de julho de 2018

A Queda da Rainha (e do Fotógrafo)



Goste você ou não de xadrez, o fato é que a prática desse esporte — considerado também uma arte e uma ciência — estimula a inteligência, desenvolve o pensamento estratégico e amplia as noções táticas. Napoleão Bonaparte era apaixonado por xadrez, enquanto Leon Trótski, pensador socialista, fazia analogias entre as inúmeras possibilidades de jogadas e estratégias militares.  
Um dos jogos de tabuleiro mais antigos e complexos da humanidade, o xadrez exige raciocínio rápido, assim como o futebol. Seja no tabuleiro ou no gramado, um lance errado pode comprometer a jogada e abrir espaço para o oponente ganhar a partida. E quando se fala em semifinal de Copa do Mundo, o cuidado tem de ser dobrado.
A Inglaterra, ausente de uma semifinal de Copa desde 1990, sentiu primeiro o gostinho da grande final — esta, não vê desde 1966. Aos 4min de partida, Lingard serviu Dele Alli, que foi derrubado por Modrić na entrada da área. Os croatas foram em peso para a barreira, mas a cobrança precisa do ala direito Trippier encontrou o ângulo do goleiro Subašić, que chegou atrasado.



Foi o primeiro gol de falta em uma semifinal de Copa desde o gol do chileno Toro Sánchez, em 1962, na derrota por 4 a 2 para o Brasil.

















Na frente do marcador, o English Team teve chances de aumentar ainda no 1° tempo, mas o artilheiro da Copa, Harry Kane, além de desperdiçar duas oportunidades, estava impedido em ambas. O que faltou na Inglaterra sobrou na Croácia: frieza. Mais ligado depois do intervalo, o time dos Bálcãs conseguiu o empate em um golpe de caratê do multiesportivo Ivan Perišić — ele disputou uma etapa do Circuito Mundial de vôlei de praia no ano passado. O camisa 4 croata chegou perto de virar a partida quando, pouco depois, acertou um chute na trave do goleiro inglês, Pickford. Aguerrida, a Croácia cresceu em campo, empurrada pela torcida, e dominou as ações e o adversário. Porém, o empate persistiu e veio a prorrogação — a terceira para os croatas, a segunda para os ingleses.


Apesar de cansados, os dois times não economizaram em emoção. Primeiro, o lateral Vrsaljko salvou o cabeceio de Stones em cima da linha. Em seguida, foi a vez de Pickford trabalhar. Perišić cruzou e Mandžukić chegou dividindo com o bom goleiro inglês, que salvou a pátria com a perna. Mal sabia o 'Super Mario' que o momento sublime da partida lhe estava reservado.

Os dois times já pareciam exaustos no começo do 2° tempo da prorrogação; talvez por isso a zaga inglesa tenha afastado de qualquer jeito o cruzamento de Pivarić. Mandžukić ameaçou desistir da jogada, mas quando viu a bola cabeceada por Perišić pegar a defesa bretã de surpresa, o faro do artilheiro entrou em ação. Cara a cara com Pickford, o atacante da Juventus, da Itália — será companheiro de Cristiano Ronaldo na próxima temporada —, chutou firme e forte para estufar as redes. Foi seu primeiro gol no Mundial — e o mais importante.




Com 32 anos, Mario Mandžukić  marcou seu 32° gol pela Croácia. Ele está atrás apenas de Davor Šuker (45), o maior artilheiro da história da seleção — hoje, ele é presidente da Federação Croata de Futebol. A geração 2018 superou a de 1998.
























Na comemoração, um personagem inusitado roubou a cena: o fotógrafo salvadorenho Yuri Cortéz foi "atropelado" pelo bonde croata na beira do campo. Mesmo empurrado, esmagado e pisoteado, o fotógrafo manteve o sorriso no rosto e a câmera na mão, o que lhe rendeu fotos de um ângulo bastante exclusivo. De quebra, ainda ganhou um beijo de Vida.
Depois do gol, os ingleses não tiveram forças para reagir, e os croatas, apenas forças para comemorar. Naquele tabuleiro de grama, as peças do time xadrez vislumbraram um novo mundo e todas as possibilidades que ele oferece. A primeira delas, um inédito título mundial.





quarta-feira, 11 de julho de 2018

Le Match Sympathique




Em 22 de junho de 1930, o SS Conte Verde, um luxuoso transatlântico projetado em estilo clássico italiano, partiu de Barcelona para uma de suas viagens mais significativas na história — rumo a Montevidéu. Estavam a bordo as delegações de futebol de França e Bélgica, os primeiros europeus a aceitar o convite para disputar a Copa do Mundo, além do presidente da FIFA, Jules Rimet, e o troféu Goddess of Victory — uma estatueta de 30 cm de altura e pesando 4 kg, que ficaria em posse definitiva do Brasil, 40 anos depois.


Finalmente, em 4 de julho de 1930 — 12 dias de viagem —, o Conte Verde aporta em Montevidéu, depois de fazer escala no Rio (para buscar a delegação brasileira) e em Santos (para abastecer as despensas com bananas, laranjas e abacaxis). 

















Ontem, o navio franco-belga, enfim, ancorou no porto de São Petersburgo para a primeira semifinal da Copa do Mundo de 2018. Se não um confronto surpreendente pelas campanhas — os belgas venceram todos os jogos até as quartas de final —, um duelo inusitado por ocupar o lugar outrora de Brasil, Alemanha e Argentina.

"Le match sympathique", como é chamado o encontro entre belgas e franceses, é tão velho quanto o próprio futebol: o primeiro duelo aconteceu em 1904. E se naquela primeira oportunidade não faltaram gols (placar de 3 a 3), o duelo de 2018 deixou a desejar neste quesito. Mas a falta de gols no excelente 1° tempo foi uma questão de detalhe. As duas equipes tentaram impor o seu jogo e tiveram suas oportunidades: um chute colocado rente à trave de Hazard, pelo lado belga, e um chute de Pavard desviado com o pé por Courtois, pelo lado francês. A Bélgica deu sinais de domínio, porém foi a França que mostrou mais objetividade. As maiores emoções ficaram guardadas para a etapa complementar.

Os azuis voltaram bem do intervalo e logo a 5min abriram o marcador: Griezmann cobrou escanteio e o zagueiro Umtiti desviou para o fundo do gol, antes da intervenção de Fellaini. A França tomou as rédeas da partida e obrigou o adversário a sair, contrariando a tática belga do contra-ataque. Os Diabos Vermelhos — apelido que nasceu após um 5 a 0 da Bélgica sobre a França em plena Paris, em 1906 — acabaram dando espaço para os velozes e perigosos atacantes franceses. Num lance de pura genialidade, Mbappé girou com a bola no pé e deixou de calcanhar o companheiro Giroud na cara do gol; mas ele perdeu. Estável, segura e bem postada na defesa, a França se segurou nos minutos finais até o apito final, o que incomodou o goleiro belga Thibaut Courtois. As reclamações ficaram por ali mesmo, no gramado, junto com a certeza belga de alcançar uma final de Copa pela primeira vez.



Umtiti comemora o único gol do jogo: foi o 72° (de 158 na Copa) de lance de bola parada no Mundial (46% do total). A Bélgica, o melhor ataque do torneio, passou em branco.

















Agora, Didier Deschamps terá a chance de se tornar o terceiro homem a vencer o Mundial como técnico e jogador. Os outros dois são bem conhecidos: Zagallo, pelo Brasil, ganhou em 1958 e 62, como jogador, e em 1970, como técnico; e Franz Beckenbauer, pela Alemanha, venceu em 1974, como jogador, e em 1990, como técnico.

Não adiantou nada a Bélgica ter a vantagem nos confrontos diretos contra a rival: 30 a 25. Na hora do "vamos ver", a França veio, viu e venceu, com sua jovem legião de talentos.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

A Maldição de Kazan



A grandiosidade do Império Mongol chega a assustar. Em vida, o líder mongol Gengis Khan ergueu o maior império em extensão que um único homem já criou, ocupando cerca de 20% do planeta. Em dado momento da história, os mongóis foram referidos como tartars e, depois, tártaros, pela sonoridade — na mitologia romana, Tártaro era o lugar onde jaziam os pecadores. Ou seja, os mongóis eram considerados homens saídos do inferno, pelos povos que aterrorizavam.


O tempo passou e, embora o termo tártaro ainda esteja em uso, ele não possui mais um tom tão ameaçador. Hoje, "tártaro" refere-se a pessoas que vivem principalmente no Cazaquistão, na Sibéria e em uma das 22 repúblicas da Federação Russa, o Tartaristão, cuja capital é Kazan. Nesta cidade à margem do Rio Volga, com 1,5 milhão de habiltantes, uma maldição assombrou recentemente alguns campeões do mundo.


Primeiro, a atual campeã Alemanha caiu contra a Coreia do Sul (2 a 0) e disse adeus ainda na 1° fase. Depois, foi a vez de a Argentina ser eliminada pela França (4 a 3), no que provavelmente foi o melhor jogo da Copa. Por fim, a Arena Kazan despediu-se da Copa junto com o Brasil, na primeira derrota oficial de Tite no comando da Seleção Brasileira. Os 2 a 1 para a Bélgica também foi a primeira vez que o time do ex-corintiano sofreu mais de um gol numa partida. Também pudera: a badalada geração belga é a única das semifinalistas que venceu todas as partidas no Mundial.


A quinta vitória belga na Copa começou a ser construída com o gol contra de Fernandinho, após o desvio de Kompany; era o indício de uma noite desastrosa do volante, que substituiu Casemiro, suspenso. A força física do time vermelho também fez a diferença no 1° tempo. No segundo gol, o gigante Lukaku, imparável, partiu com a bola dominada do campo de defesa até servir De Bruyne, que chutou com primor: os 2 a 0 antes dos 30min de jogo não permitiu a reação do time brasileiro. Nem o bom 2° tempo da Seleção Canarinho Pistola, com a entrada e o gol de Renato Augusto, evitou a eliminação.



A Bélgica, de Hazard, volta a disputar uma semifinal de Copa depois de 32 anos. No Mundial de 86, no México, os belgas despacharam a poderosa União Soviética e a instável Espanha, parando apenas diante de um Maradona em estado de graça.






















Se a Bélgica teve três craques desequilibrando durante a Copa (Lukaku, Hazard e De Bruyne), o Brasil teve o seu grande craque se desequilibrando em campo — e caindo a todo momento. Foi esse o roteiro da Copa de Neymar, massacrado pela imprensa internacional por suas simulações ao receber uma falta. Mas foi Gabriel Jesus a maior decepção nesta Copa. Campeão inglês pelo Manchester City, o camisa 9 passou em branco nos cinco jogos que disputou.



Com o jejum, Gabriel Jesus se tornou o primeiro centroavante titular da Seleção Brasileira a não conseguir marcar gols em uma edição de Copa do Mundo.




















A Bélgica encara a França nas semifinais, no confronto entre seleções mais antigo do mundo — Bruxelas, 1° de maio de 1904, 3 a 3. O jovem e rápido time francês não teve dificuldades em passar pelo Uruguai que, sem Cavani, se tornou uma presa fácil. No mesmo dia, sete títulos mundiais ficaram pelo caminho. A Inglaterra também fez história e voltou às semifinais depois de 28 anos. Na eliminação da seleção sueca sapeca, que tirou Holanda e Itália da Copa, Harry Kane passou em branco, mas segue firme na artilharia do torneio.  


Se Brasil, Uruguai e Suécia deixaram o Mundial com um gosto amargo na boca, a Rússia, por sua vez, se despediu com um belo sorriso. A surpreendente campanha dos anfitriões foi aos trancos e barrancos, com duas decisões por pênaltis, mas com muitas emoções. E mais importante que cair de pé, foi a volta por cima do goleiro Akinfeev, apagando de vez as lambanças de 2014.



O brasileiro naturalizado russo, Mário Fernandes, foi de herói a vilão. Fez o gol de empate no final do 2° tempo da prorrogação e desperdiçou uma das cobranças na disputa de pênaltis. Após o jogo, ele pediu desculpas aos companheiros

















A Croácia volta às semifinais depois de 20 anos. O técnico do time semifinalista da Copa de 98, Miroslav Blazević, hoje com 83 anos, não tem dúvidas de que a seleção de seu país vai ganhar a Copa. Ele acredita que esta geração, de Modrić e Mandžukić, pode se tornar melhor que a de Šuker e Prosinečki. Entretanto, os verdadeiros favoritos já ficaram pelo caminho.




quarta-feira, 4 de julho de 2018

Seguem os Líderes



Entre 1935 e 1991, Samara foi chamada de Kuibyshev, e uma de suas principais características eram as megaindústrias que alimentavam a União Soviética na corrida espacial com os Estados Unidos. Por ser fundamental para os interesses do país, a cidade ficou proibida de receber estrangeiros durante toda a Guerra Fria. Contrapondo-se à história, na última segunda-feira, a cidade aeroespacial russa foi invadida por brasileiros e mexicanos.

Sob forte calor, a Seleção Brasileira travou sua quinta batalha contra o México em Copas do Mundo. Mesmo sem nunca ter levado um gol do adversário, o último confronto estava engasgado na garganta dos brasileiros: um 0 a 0 teimoso, em Fortaleza, pela fase de grupos da Copa de 2014. E lá estavam eles, frente a frente novamente: Neymar e Ochoa.

No 1° tempo, com uma estratégia agressiva semelhante a do jogo contra a Alemanha, o México rondou a área brasileira, mas sem levar muito perigo. Já no 2° tempo, os mexicanos tentaram parar o camisa 10 do Brasil de todas as formas faltosas possíveis, até mesmo com um pisão, mas não contavam com a astúcia do brasileiro. No gol que abriu o caminho da vitória, Neymar deixou de calcanhar para o Foguetinho Willian e foi para a área receber o cruzamento — e fez, de carrinho, seu primeiro gol em uma fase de mata-mata em Mundiais. Depois, ele invadiu a área e serviu Firmino, quase nos acréscimos, que fechou o placar. Diferentemente de Cristiano Ronaldo e Messi, Neymar foi decisivo nas oitavas de final e segue adiante.


Com o gol contra o México, Neymar se isolou na 4ª posição como maior artilheiro da seleção brasileira, com 57 gols, atrás apenas de Zico (66), Ronaldo (67) e Pelé (95). O camisa 10 ajudou o Brasil a atingir um feito histórico: o seu 227º gol em Copas, um a mais que a Alemanha, tornando-se a seleção que mais gols fez em Mundiais.


















Se o Brasil se classificou com certa tranquilidade, o mesmo não pode ser dito de seu adversário nas quartas. Não teve gols no 1° tempo entre Bélgica e Japão, e a emoção ficou guardada para a segunda etapa. Os japoneses marcaram dois gols em 6min, mas enganou-se quem pensou que a fatura estava liquidada. A geração belga tratou logo de acalmar os ânimos e deixou tudo igual pouco mais de 20 minutos depois, com a boa e velha jogada área — um dos gols, inclusive, sem querer. E a virada veio no último lance da partida, aos 48min, num contra-ataque endiabrado, que terminou nos pés de Chadli e no gol da virada histórica.

Por fim, Colômbia e Inglaterra protagonizaram mais um daqueles jogos de tirar o fôlego nesta Copa do Mundo. Os ingleses venciam os colombianos por 1 a 0 — gol sabe de Kane? — até os 47min do 2° tempo, quando o ex-palmeirense Yerry Mina subiu no terceiro andar e, de cabeça, levou o jogo para a prorrogação. Nos pênaltis, porém, os ingleses foram mais eficientes e conquistaram seu primeiro triunfo na disputa na história dos Mundiais: perderam a semifinal de 1990 (Alemanha), as oitavas de 1998 (Argentina) e as quartas de 2006 (Portugal). Dentre tantas maldições nesta Copa do Mundo, esta da Inglaterra, pelo menos, deixou de existir.



No jogo que esclareceu que Suécia e Suíça não são o mesmo país, os nórdicos jogaram para o gasto e levaram a melhor. O chute de Forsberg desviou no zagueiro suíço Akanji e premiou quem foi mais ousado.







As quartas de final terão as oito seleções de melhor campanha na 1° fase. Essa superioridade ficou evidente mesmo nos confrontos em que o segundo de um grupo eliminou o primeiro de outro ­— a Rússia, por exemplo, fez melhor campanha na fase de grupos, como segunda colocada do Grupo A, que a Espanha, como primeiro do B. Bélgica e Uruguai, por outro lado, foram até agora impiedosamente eficientes: 100% de aproveitamento. Com três vitórias e um empate, Brasil, Croácia e França correm por fora no campeonato das estatísticas, mas são os que têm demonstrado um melhor futebol ao longo do torneio. Façam suas apostas.