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Numa escala de 0 a 10, chegar a 9,5 é praticamente atingir o auge. Seria realmente o máximo se estivéssemos falando de uma prova na faculdade, uma avaliação na academia ou do grau de satisfação com o SAC de uma operadora de celular. Mas os 9,5 em questão referem-se à magnitude do terremoto mais violento já registrado cientificamente na face da Terra. Ele ocorreu no dia 22 de maio de 1960, no Chile, dois anos antes da Copa do Mundo naquele país.
Numa escala de 0 a 10, chegar a 9,5 é praticamente atingir o auge. Seria realmente o máximo se estivéssemos falando de uma prova na faculdade, uma avaliação na academia ou do grau de satisfação com o SAC de uma operadora de celular. Mas os 9,5 em questão referem-se à magnitude do terremoto mais violento já registrado cientificamente na face da Terra. Ele ocorreu no dia 22 de maio de 1960, no Chile, dois anos antes da Copa do Mundo naquele país.
O “Grande Sismo do Chile” atingiu toda a região
centro-sul do território chileno, com foco nas cidades de Valdivia e
Concepción. Provocou a erupção de um vulcão nos Andes e um tsunami que
atravessou o Pacífico até o Havaí e o Japão.
Os prejuízos foram incalculáveis. O número de vítimas chegou
a 5.700. Mais de dois milhões de chilenos ficaram feridos. Três dias após o
desastre, cerca de mil pessoas faleceram por doenças causadas pela sujeira e
esgoto a céu aberto. Um ano depois, réplicas do primeiro abalo ainda podiam ser
sentidas. A Copa de 1962, por pouco, não se realizou.
Coube a um
brasileiro, naturalizado chileno, salvar o Mundial. Carlos Dittborn era
presidente da Conmebol quando o país ganhou o direito de sediar o evento. As
obras de infraestrutura iam de vento em popa, mas o tremor lançou incertezas
sobre a capacidade do Chile em abrigar o torneio depois da tragédia.
Dittborn pediu um voto de confiança à FIFA,
que lhe deu. Sob o lema “Porque nada tenenos, lo haremos todo” (porque nada
temos, faremos tudo), as obras foram concluídas em tempo recorde — o que nos
faz pensar, como brasileiros, o quanto somos incompetentes. Contudo, Dittborn sofreu
um ataque cardíaco a um mês da Copa e não pôde ver o resultado de seus
esforços.
A cidade de Concepción devastada após o tremor: 25% da população chilena ficou desabrigada. |
A Copa do Mundo
de 1962 só não foi um fiasco de público graças ao time da casa. Os torcedores
chilenos só se interessavam pelos jogos de sua seleção. Enquanto o Chile tinha
mais de 60 mil espectadores por partida, a média das outras equipes ficou
abaixo dos 10 mil. Foi o terceiro pior público em Mundiais, perdendo apenas
para as Copas de 30 e 34.
O torneio
marcou o fim das partidas extras para decidir vagas, em caso de empate
por número de pontos. Passou-se a adotar o saldo de gols como primeiro critério
de desempate, o que perdura até os dias de hoje.
Também foi a
última Copa do Mundo a não ser transmitida ao vivo para a Europa, uma vez que o
satélite Telstar ainda não havia sido lançado ao espaço. No Reino Unido, a BBC
transmitiu os jogos ao vivo via rádio e, nos cinemas, no dia seguinte à
realização das partidas. No Brasil, a torcida sofreu um pouco mais: os
videoteipes chegavam de avião e eram exibidos com dois dias de atraso.
Na Praça da Sé, em São Paulo, a população acompanha, pelo rádio, partida do Brasil na Copa de 62. |
Problemas com
doping e naturalizações foram discutidos uma semana antes do início do Mundial,
e ficou decidido que, a partir da Copa de 66, um jogador só poderia atuar por
uma seleção se nunca tivesse jogado por outro país em jogos oficiais. Quanto ao
uso de substâncias proibidas, a falta de uma legislação antidoping em grande
parte das nações participantes — apenas a Itália possuía — impossibilitava
qualquer controle.
A FIFA queria
evitar casos como o do argentino Alfredo Di Stéfano, da Espanha. Além de trocar
de seleção, o craque não via problemas em um jogador tomar estimulantes — o que leva
a imaginar que alguns atletas poderiam ter usado substâncias para melhorar o
desempenho dentro de campo durante a competição.
O Quinteto de Ouro: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo. |
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