quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Jogo Por Jogo, Dente Por Dente


A história é conhecida. Na Copa do Mundo de 1978, Brasil e Argentina chegaram à última rodada do Grupo B da 2° fase com o mesmo número de pontos (três), sendo que o finalista seria decidido pelo saldo de gols, caso ambas as seleções vencessem. O Brasil entrou em campo às 16h45, contra a Polônia, e ganhou por 3 a 1. Mais tarde, às 19h15, a Argentina enfrentou o Peru sabendo o que precisava fazer: vencer por quatro gols de diferença. O Peru acabou perdendo por 6 a 0, o time foi acusado de entregar o jogo e, a partir de então, as competições internacionais passaram a ter suas rodadas decisivas disputadas no mesmo horário. 39 anos depois, o futebol agradece pela emoção, embora, em 78, o Brasil tenha ficado alijado da disputa pelo título.

O primeiro tempo dos cinco jogos decisivos das eliminatórias sul-americanas começou com certo atraso em Lima — sempre o Peru. Quando a Argentina levou o gol do Equador, a 40 segundos de jogo, a partida entre peruanos e colombianos ainda não havia começado. O resultado eliminava a Argentina até da repescagem. Porém, aos 11min, Messi começou a desencantar: empatou o placar depois do cruzamento de Di María e, aos 18min, ganhou a dividida com a zaga equatoriana e soltou um balaço para virar a partida: 2 a 1. A Argentina subia para a 3° colocação, empurrava a Colômbia para a repescagem e eliminava o Peru. Minutos depois, algo parecido acontecia em Montevidéu. A Bolívia saiu na frente aos 24min, gol contra de Gastón Silva, e o Uruguai virou, com Cáceres e Cavani, aos 39min e 42min, respectivamente.

A classificação se manteve igual até os 10min da etapa final, quando, em São Paulo, Paulinho abriu o placar para o Brasil contra o Chile — neste instante, estava ficando fora. Aos 12min, o calvário chileno aumentou depois que Gabriel Jesus recebeu de Neymar e ampliou para 2 a 0. Um minuto depois, um fio de esperança: James Rodríguez fez 1 a 0 para a Colômbia, em Lima, e colocou o Chile de volta à briga, na repescagem. Mais três gols saíram num intervalo de 20 minutos: Messi chegou ao hat-trick, em Quito, e Suárez foi às redes por duas vezes, em Montevidéu. Até que, aos 29min do 2° tempo, um gol mudou todo o panorama da classificação.

A falta era em dois lances (tiro livre indireto), na entrada da área. Na cobrança, um especialista: Paolo Guerrero. Talvez por desatenção, talvez por esperteza, o atacante peruano bateu direto para o gol. O goleiro colombiano Ospina, que já falhara contra o Paraguai, na rodada anterior, voou de encontro a bola e a tocou: a bola entrou, o Chile saiu.  O que veio depois não influenciou em nada mais o cenário. Aos 34min, Godín fez o segundo gol contra do Uruguai, a favor da Bolívia. Depois, a 6min do fim, em Assunção, a Venezuela despachou de vez o Paraguai, com um gol de Herrera. A rodada terminou em São Paulo, com o Chile inteiro no ataque, em busca de um gol milagroso. Porém, o que se viu foi Gabriel Jesus no melhor estilo ‘Usain Bolt’ disparar no contra-ataque e entrar com bola e tudo no gol do goleiro Bravo. O Chile estava definitivamente fora da Copa.

No dia 10, do mês 10 — noite do 10 argentino —, a rodada mais emocionante da história das eliminatórias sul-americanas mexeu com a tabela e com os corações. O Brasil, de camarote, viu Uruguai, Argentina e Colômbia se classificarem diretamente para o Mundial. O Peru respira, o Chile chora e o Paraguai lamenta.

E a Rússia nos aguarda.