Uma Casa Portuguesa, com certeza
Portugal, assim
como a Espanha, sofreu com a invasão e a colonização muçulmana a partir do
século VII. A guerra durou mais do que deveria e presenciou o pequeno território
português se expandir até não caber mais em si. Por viver à beira d'água, os
lusos criaram a esquadra marítima que "afundaria" os muçulmanos, e
que tornaria Portugal uma potência mundial entre os séculos XIV a XVII. Foi o período
das grandes navegações marítimas, das viagens além-mar e das relações mercantis.
Em uma dessas aventuras, Portugal descobriu o Brasil. E Dom João VI virou
imperador.
A libertinagem não
durou muito. Dom João VI foi forçado a voltar para Portugal — para não perder o
lugar. Fez as malas e saiu de fininho. Mas não sem antes proclamar o príncipe
Pedro o novo Imperador do Brasil. Foi dele a maior de todas as frases:
"Independência ou morte!" Daí para frente, Portugal viu seu império
ruir. Mas graças àquele grito às margens do Ipiranga, puderam ser criadas duas
grandes seleções de futebol: a de Portugal e a do Brasil. Ainda que alguns
pontapés com coco na praia de Ipanema tenham passado despercebidos pela família
real.
No século XX,
Portugal encontrou uma nova aventura e mudou completamente de esquadra: em 1914,
criou a União Portuguesa de Futebol — se tivessem levado o "pontapé no
coco" para a Europa, teriam inventado o futebol. Em 1921, a seleção perdeu
para a sua maior rival, a Espanha, e virou galhofa internacional, recebendo o
apelido de "camisola de quinas". O povo português sofreu tanto que
sua nova esquadra foi definhando, fadada a falecer ao fado português: o orgulho
do povo.
Mas houve quem não esmorecesse.
Ricardo Ornellas, um jornalista devoto ao futebol lusitano, declarou aos portugueses:
"Equipa de todos nós!" As lágrimas se recolheram ao Tejo e a paixão
pelo futebol voltou a florescer em campo. Hoje, o sentimento de orgulho ecoa na
alma e nas arquibancadas portuguesas.
Mesmo assim, somente em 1966 a
esquadra lusitana conseguiu chegar à Copa do Mundo. Coube ao comandante,
capitão e camisa 13, Eusébio da Silva Pereira, o Pantera Negra — um,
moçambicano de colônia portuguesa —, comandar a esquadra a um feito impressionante:
o terceiro lugar, com ele na artilharia da competição (nove gols). Anos mais
tarde, o mundo do futebol elegeu Eusébio um dos onze melhores jogadores da
história do futebol. Dele, surgiria a mística da camisa 13 de Zagallo, o Velho
Lobo.
ESSE CONHECE (E MUITO): No Brasil, o maior artilheiro da seleção portuguesa (49 gols) tem tudo para fazer seu melhor Mundial e entrar para a história do torneio. O gajo avisa: eu estou chegando. |
Como não poderia deixar de ser, Portugal voltou a se aventurar em águas brasileiras. Buscou um novo comandante, Luiz Felipe Scolari, que montou uma esquadra com Figo, Rui Costa e Pauleta. A geração de ouro reluziu incandescente, mas os heróis mitológicos da Grécia venceram a final da Euro-2004. Envelhecida, a geração já nem tao reluzente deu seu último suspiro na Copa de 2006, sem conseguir repetir o feito de 66 — ficou com a quarta posição.
Agora, a esquadra encarnada
se prepara para desembarcar em solo brasileiro e fincar a bandeira lusitana no
lugar mais alto do pódio. Será novamente comandada pelo capitão e camisa 7, o madeirense
da antiga colônia insular de Portugal. Cristiano Ronaldo, o cortador de lenha,
está no auge de sua carreira e chega ostentando o título de melhor do mundo, dado
pela FIFA, e a taça de campeão da Europa. A conquista de Portugal seria inédita,
e, possivelmente, colocaria Cristiano Ronaldo na lista dos onze melhores
jogadores da história do futebol. No lugar de Eusébio.
FIQUE DE OLHO: Élder é conhecido como o "Balotelli português". Alto e com presença de área, traz nas veias a tradição de artilheiros nascidos na África. No caso, Guiné-Bissau. |
ESQUEMA TÁTICO:
4-3-3
Nem é preciso dizer
que a seleção de Paulo Bento joga em função de Cristiano Ronaldo. É só observar
a partida contra a Suécia, nas Eliminatórias, que definiu a classificação lusa.
O craque joga aberto pela esquerda, mas varia bastante de lado durante o jogo. Porém, o esquema de Portugal tem um ponto fraco: as mandingas ganesas.
4-3-3, variando para um 4-2-3-1 (clique para aumentar) |
Histórico em Copas (clique para aumentar) |
Marcos Alencar,
publicitário e amante do futebol luso-brasileiro
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