sexta-feira, 6 de junho de 2014

Grupo G | Portugal

Uma Casa Portuguesa, com certeza





Portugal, assim como a Espanha, sofreu com a invasão e a colonização muçulmana a partir do século VII. A guerra durou mais do que deveria e presenciou o pequeno território português se expandir até não caber mais em si. Por viver à beira d'água, os lusos criaram a esquadra marítima que "afundaria" os muçulmanos, e que tornaria Portugal uma potência mundial entre os séculos XIV a XVII. Foi o período das grandes navegações marítimas, das viagens além-mar e das relações mercantis. Em uma dessas aventuras, Portugal descobriu o Brasil. E Dom João VI virou imperador.

A libertinagem não durou muito. Dom João VI foi forçado a voltar para Portugal — para não perder o lugar. Fez as malas e saiu de fininho. Mas não sem antes proclamar o príncipe Pedro o novo Imperador do Brasil. Foi dele a maior de todas as frases: "Independência ou morte!" Daí para frente, Portugal viu seu império ruir. Mas graças àquele grito às margens do Ipiranga, puderam ser criadas duas grandes seleções de futebol: a de Portugal e a do Brasil. Ainda que alguns pontapés com coco na praia de Ipanema tenham passado despercebidos pela família real.

Cabral montou a maior frota marítima do mundo (europeu), com tripulantes nada comuns (nobres, religiosos e soldados) e outros habituais (comerciantes, artesões e aprendizes), para uma viagem além-mar até as Índias.


No século XX, Portugal encontrou uma nova aventura e mudou completamente de esquadra: em 1914, criou a União Portuguesa de Futebol — se tivessem levado o "pontapé no coco" para a Europa, teriam inventado o futebol. Em 1921, a seleção perdeu para a sua maior rival, a Espanha, e virou galhofa internacional, recebendo o apelido de "camisola de quinas". O povo português sofreu tanto que sua nova esquadra foi definhando, fadada a falecer ao fado português: o orgulho do povo.

Mas houve quem não esmorecesse. Ricardo Ornellas, um jornalista devoto ao futebol lusitano, declarou aos portugueses: "Equipa de todos nós!" As lágrimas se recolheram ao Tejo e a paixão pelo futebol voltou a florescer em campo. Hoje, o sentimento de orgulho ecoa na alma e nas arquibancadas portuguesas.

Mesmo assim, somente em 1966 a esquadra lusitana conseguiu chegar à Copa do Mundo. Coube ao comandante, capitão e camisa 13, Eusébio da Silva Pereira, o Pantera Negra — um, moçambicano de colônia portuguesa —, comandar a esquadra a um feito impressionante: o terceiro lugar, com ele na artilharia da competição (nove gols). Anos mais tarde, o mundo do futebol elegeu Eusébio um dos onze melhores jogadores da história do futebol. Dele, surgiria a mística da camisa 13 de Zagallo, o Velho Lobo.

ESSE CONHECE (E MUITO): No Brasil, o maior artilheiro da seleção portuguesa (49 gols) tem tudo para fazer seu melhor Mundial e entrar para a história do torneio. O gajo avisa: eu estou chegando. 






















Como não poderia deixar de ser, Portugal voltou a se aventurar em águas brasileiras. Buscou um novo comandante, Luiz Felipe Scolari, que montou uma esquadra com Figo, Rui Costa e Pauleta. A geração de ouro reluziu incandescente, mas os heróis mitológicos da Grécia venceram a final da Euro-2004. Envelhecida, a geração já nem tao reluzente deu seu último suspiro na Copa de 2006, sem conseguir repetir o feito de 66 — ficou com a quarta posição.

Agora, a esquadra encarnada se prepara para desembarcar em solo brasileiro e fincar a bandeira lusitana no lugar mais alto do pódio. Será novamente comandada pelo capitão e camisa 7, o madeirense da antiga colônia insular de Portugal. Cristiano Ronaldo, o cortador de lenha, está no auge de sua carreira e chega ostentando o título de melhor do mundo, dado pela FIFA, e a taça de campeão da Europa. A conquista de Portugal seria inédita, e, possivelmente, colocaria Cristiano Ronaldo na lista dos onze melhores jogadores da história do futebol. No lugar de Eusébio.

FIQUE DE OLHO: Élder é conhecido como o "Balotelli português". Alto e com presença de área, traz nas veias a tradição de artilheiros nascidos na África. No caso, Guiné-Bissau.






















ESQUEMA TÁTICO: 4-3-3

Nem é preciso dizer que a seleção de Paulo Bento joga em função de Cristiano Ronaldo. É só observar a partida contra a Suécia, nas Eliminatórias, que definiu a classificação lusa. O craque joga aberto pela esquerda, mas varia bastante de lado durante o jogo. Porém, o esquema de Portugal tem um ponto fraco: as mandingas ganesas.


4-3-3, variando para um 4-2-3-1 (clique para aumentar)

























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Marcos Alencar,
publicitário e amante do futebol luso-brasileiro







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Grupo G | Estados Unidos

O Samba do Alemão Doido




Por pura curiosidade, assisti a dois jogos dos EUA na preparação pra Copa na TV, contra o poderoso Azerbaijão e a Turquia. E foram jogos duros. Duros de assistir. E olha que o futebol está ficando cada vez mais popular aqui nos Estados Unidos. Os jogos da liga lotam e não só de hispânicos. Tem uma ocupação média dos estádios muito superior a do campeonato brasileiro, por exemplo. Mas tecnicamente, os atuais campeões da Copa Ouro ainda tem que evoluir muito.

Não sei se o Klinsmann como técnico foi uma boa opção para esse grupo. Falta cintura no time e não é um alemão que vai trazer isso. Pelo menos não trouxe em três anos. Os caras tem padrão tático, mas é um time coxinha: são duros, não fintam, não articulam, afunilam e concluem mal ao gol. Me faz lembrar o meu Vascão.

ESSE É O CARA: Clint Dempsey é quem arma, passa e, por muitas vezes, finaliza no time de Klinsmann.





















Para piorar o pagode do alemão, Klinsmann inventou moda e não agradou. Chamou 30 pré-convocados para um período de treinamento e quando teve que cortar sete, despachou, do nada e sem maiores explicações, o ídolo da seleção, Landon Donovan.
Donovan está com 32 anos, em forma, foi o herói da classificação norte-americana e é o principal jogador de um dos maiores times do país, o Los Angeles Galaxy. Tem nas costas a experiência de ter jogado num grande clube europeu, o Bayern de Munique (treinado na época, por Klinsmann).

No lugar dele, que também não é nenhum Pelé, quem assume a 10 é um cara que tem nome de balada: Mix Diskerud, norueguês naturalizado e uma versão nórdica do William Barbio, no estilo de jogar e, principalmente, de isolar a bola por cima da baliza.  Não dá pra não pensar que alguma coisa o Donovan deve ter feito. Pior para o já mondrongo time americano. Ficar só dependendo de "Jozy" Altidore (o sujeito se chama Josmer, quase pronuncia-se Josimar), Clint Dempsey e Michael Bradley vai ser dureza.

FIQUE DE OLHO: Michael Bradley é volante e bom na marcação, mas responde por boa parte das jogadas ofensivas.





















O "grupo da morte", como os americanos estão chamando seu Grupo G, já tem um defunto de véspera. Anota aí, não passa da primeira fase, apesar da retranca que vão armar pra cima de Alemanha e Portugal. Fica a dica: USA, na próxima, contrata o Joel Santana; sai mais barato, pode passar um pouco da malícia brasileira e, claro, fala um inglês maravilhoso.

Apesar das críticas, Klinsmann se mostrou confiante nas declarações: "Vamos passar em segundo, atrás da Alemanha."





















ESQUEMA TÁTICO: 4-2-3-1

O técnico Jürgen Klinsmann joga com uma linha de dois volantes e três à frente, municiando o grandalhão Altidore e seu 1,85m, principalmente com bolas aéreas.


4-2-3-1 (clique para ampliar)





















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Fabio Seidl,
publicitário, mora em Chicago





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Grupo G | Gana

Bruxa Solta





Uma das maiores forças do futebol africano, a seleção ganesa tem conquistado ao longo dos anos o respeito de seus adversários dentro e fora do continente. Campeã mundial Sub-20, em 2009, Gana foi a única representante da África a passar para a segunda fase da Copa do Mundo de 2010, justamente quando, pela primeira vez, o continente recebeu a competição. O bom retrospecto rendeu ao time a alcunha de "Estrelas Negras". Mas o que parece brilhar no cenário atual dos ganeses não são as estrelas, e sim as mandingas — saem as Estrelas Negras, entra a Magia Negra.

O ex-goleiro da seleção, Richard Kingson, sabe bem o que é isso. Titular no gol de Gana nas Copas de 2006 e 2010, Kingson viu aos poucos sua carreira degringolar: depois de jogar por times modestos da Inglaterra, o goleiro passou pela Suécia, e, hoje, atua pelo inexpressivo Doxa Katokopias, do Chipre. A razão do declínio teria um nome: Adelaide Taiwah, esposa do atleta. Segundo relato feito à TV, Adelaide confessou que fora dominada por "espíritos do mal". As "forças malignas" ajudaram-na a prejudicar o amado na profissão e, pior, nos afazeres conjugais.

Casos como esse não são de todo incomum no país, que mantém campos de bruxas — mulheres excêntricas e, geralmente, idosas — espalhados por todo o seu território. Mas engana-se quem pensa que os sortilégios se limitam ao sexo feminino. Recentemente, o feiticeiro mais famoso de Gana ganhou as manchetes das TVs e dos jornais com uma declaração um tanto polêmica: "O que o Cristiano Ronaldo tem foi criado por mim e não pode ser tratado por nenhum médico".

ESSE AINDA É O CARA: em sua terceira Copa e mais experiente, Asamoah Gyan quer fazer história com a seleção de Gana. 





















Nana Kwaku Bonsam, feiticeiro renomado, disse estar trabalhando — e muito — para que o astro português não tenha condições de jogo nesta Copa do Mundo, principalmente porque a seleção portuguesa está na chave de Gana. “Eles não sabem, mas o que está causando a lesão é algo espiritual. Na semana passada sacrifiquei quatro cães para invocar o espírito Kahwiri Kapam”, revelou o bruxo.

Na última terça-feira, a Federação Portuguesa de Futebol emitiu uma nota confirmando que o craque do Real Madrid tem sofrido com um tendinose no joelho esquerdo e uma lesão muscular na parte posterior da coxa. "Hoje é o seu joelho, amanhã será sua coxa, no dia seguinte será outra coisa", garantiu o mandigueiro.

FIQUE DE OLHO: Companheiro de Robinho  no Milan, Kevin-Prince Boateng quer apagar a imagem de desleal com seu repertório de dribles e chutes de longa distância.






















Os jogadores da seleção ganesa, que chegam ao Brasil no dia 11, preferiram não comentar o assunto. O grupo está bastante focado na difícil tarefa de sobreviver num dos chamados "grupos da morte", ao lado de Alemanha, Portugal e Estados Unidos. Para isso, a equipe confia num meio-campo de muita qualidade, formado por Kevin-Prince Boateng, Michael Essien, Kwadwo Asamoah e Suley Montari. Na frente, o experiente Asamoah Gyan tem resolvido: foi o artilheiro das Eliminatórias africanas, com seis gols.

Gana enfrenta Portugal no dia 26, em Brasília. Até lá, já saberemos quem está realmente com a bola toda: o gajo de Portugal ou o macumbeiro de Gana.

Nana Kwaku Bonsam em sua residência, em Acra. Os trabalhos começaram há quatro meses.





















ESQUEMA TÁTICO: 4-4-2

Lateral-esquerdo na Juventus, Kwadwo Asamoah compõe o meio-campo da equipe de James Appiah. O volante tem a companhia de Essien na marcação e na saída de bola. Boateng, na direita, e Muntari, na esquerda, abrem espaço.


4-4-2 (clique para ampliar)




















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Marcelo Martensen,
publicitário e cético






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