O mundo inteiro sempre achou que a capital do Brasil era Buenos Aires. Ontem, no Maracanã, o mundo teve certeza de que a capital da Argentina é o Rio de Janeiro — mesmo que por um breve momento. Os argentinos tomaram as ruas da cidade maravilhosa e agitaram o fim de semana do carioca. No entanto, dentro do Maracanã, a disputa foi acirrada. Brasileiros e argentinos lutaram pelo grito mais alto e pela provocação maior, com ligeira vantagem para os hermanos. Afinal, Messi estava em campo, e com ele todas as esperanças de um povo órfão há 28 anos.
Vista pelo ângulo
do primeiro tempo, a estreia do craque na Copa do Mundo de 2014 parecia ser
modesta. Numa cobrança de falta dele, logo a três minutos, Kolašinac desviou
para o próprio gol. Com muita boa vontade, o gol seria creditado à Messi. Mas a
FIFA era imparcial com craques, como Messi, e cabeças de bagre, como o zagueiro
bósnio. Lionel teria que se esforçar mais.
O jogo era nas arquibancadas: um verdadeiro Brasil x Argentina. Vendo a
sonolência do time, o técnico Sabella resolveu mudar. Colocou Higuaín e trouxe
de volta a disputa ao gramado. Faltava o lampejo do craque. Sem confiança,
tocava de lado e se limitava a cobrar faltas, quase sempre sem perigo. A Bósnia
havia equilibrado a partida, e Pjanić organizava as ações ofensivas. O
jogo aéreo assustava a defesa argentina e os chutes contra a meta de Romero
aumentavam cada vez mais. Até que vieram os gritos da arquibancada:
"Neymar! Neymar!" E o monstro despertou.
630 minutos
depois de seu primeiro gol em Copas — contra os sérvios, em 2006 —, Messi
arrancou com a bola da intermediária, com passadas curtas, rápidas e
extraordinárias, tabelou com o amigo Higuaín, deixou dois adversários no chão e
(ufa!) bateu colocado, com a categoria de sempre, no cantinho de Begović. Um selinho na
trave, e rede.
"Messi!
Messi!" — até os brasileiros se renderam. O Maracanã virou azul e branco e
o time cresceu em campo. E quando jogava pior, a Bósnia encontrou o seu gol. O
primeiro do país na história das Copas: Ibišević, a cinco do final. A vitória
suada da Argentina mostrou as deficiências de um time genial do meio para
frente e limitado do meio para trás. Mas que tinha Messi.
O dia era de Messi. O
Maracanã era de Messi. O medo dos brasileiros também.