domingo, 14 de junho de 2015

Invierno Caliente




Com uma extensão de cerca de 4.190 km de norte a sul, o Chile possui uma grande variedade de condições climáticas. Nos meses de frio (junho e julho), as temperaturas caem bastante, e é comum ver as pessoas nas ruas bem agasalhadas. No estádio Nacional de Santiago, na última quinta-feira, não foi diferente. Lá estava a presidente chilena Michelle Bachelet, uma versão "corajosa" da mandatária brasileira — pediu a renúncia de todos os ministros de seu governo diante da crise —, com seu cachecol de 'La Roja' e uma angústia maior que sua impopularidade: o placar de 0 a 0. O frio intenso chegou a inibir a torcida da casa, o que incomodou o craque do time, Alexis Sánchez, mas os gols de Vidal e Vargas no segundo tempo reacenderam o calor nas arquibancadas. Arquibancadas que muitos — no caso, muitas — enxergam como uma oportunidade.

Foi assim que a boliviana Mayte Flores roubou a cena, sexta-feira, no estádio Sausalito, em Viña Del Mar, no empate sem gols entre México e Bolívia. A torcedora enfrentou o frio litorâneo com pouco mais que a bandeira de seu país e já ganhou o status de 'nova Larissa Riquelme'. Mas, quem é Larissa Riquelme mesmo? A modelo paraguaia ficou conhecida durante a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, por guardar o celular entre os seios. A fama até que durou — o celular, não — e, hoje, cinco anos depois, ela é mais conhecida por "Viúva da Copa América" do que propriamente musa. Isso porque seu noivo, Jonathan Fabbro, atacante do Cerro Porteño, não foi convocado para a disputa do torneio.


A torcedora foi o principal alvo dos fotógrafos e deu entrevistas para emissoras de televisão no fim do jogo.
















Sem Fabbro em campo e Larissa na torcida, a seleção paraguaia estreou, ontem, contra ninguém menos que a favoritíssima Argentina. Último colocado nas Eliminatórias para a Copa de 2014, com duas vitórias em catorze partidas e um plantel acima do peso — alguns jogadores em fim de carreira —, o Paraguai seria presa fácil. No entanto, com a bola rolando, a Argentina não encontrava espaço na retranca paraguaia, até que o lateral Samudio, ex-Cruzeiro, resolveu colaborar: deu um passe de presente para o argentino Agüero, que, esperto, só teve o trabalho de driblar o goleiro e empurrar a bola para o gol vazio. Samudio ainda errou de novo, ao trombar com Di María e propiciar um pênalti para o adversário. Messi cobrou com a maestria de sempre e aumentou. A goleada iminente parecia questão de tempo. Mas o time que se acostumou a "estacionar o ônibus" na defesa não se esqueceu de atacar. Afinal, o Paraguai nunca se rende.

A Argentina relaxou no segundo tempo, e o técnico paraguaio Ramón Diáz — que é argentino — mandou o time para frente. Haedo Valdez viu o goleiro Romero adiantado e chutou por cobertura para diminuir: 2 a 1. Animados, os paraguaios se lançaram ainda mais ao ataque. O jogo esquentou. Messi fez fila no meio-campo, mas chutou mal. Os hermanos tiveram várias chances de matar o jogo, mas quem deu o golpe de misericórdia foi Lucas Barrios, atacante argentino naturalizado paraguaio, que entrou aos 43min do segundo tempo. Um minuto depois, ele aproveitou uma bola ajeitada pelo zagueiro Da Silva e igualou o placar: 2 a 2 — uma vitória para um lado, uma frustração para o outro.

Se nesta época o inverno pesa no Chile, o favoritismo da Argentina pesa ainda mais.


Lucas Barrios, autor do gol de empate, consola um frustrado Lionel Messi.