quarta-feira, 3 de julho de 2019

O Retorno do Messias




O povo de Israel esperava ansiosamente pelo Messias. Os judeus acreditavam que ele seria uma figura política e religiosa, que iria restaurar a independência e a glória do país. Nesse meio tempo, houve quem alegasse ser o salvador ungido por Deus, o que gerou discórdia com os opressores romanos. Mas nenhum desses falsos Messias conseguiu fazer alguma coisa. Até que apareceu Jesus.


Ontem, no duelo do Mineirão, os candidatos a Messias eram alguns. A começar por Lionel Messi, que precisava provar não ao mundo, mas ao povo argentino, que é capaz de trazer o futebol platino de volta à luz. Descontraído, ele abraçou Daniel Alves na saída do túnel para o gramado, sem saber que o antigo parceiro de Barça seria outro forte candidato. Agüero, Coutinho, Everton e Lautaro também concorreram, mas ninguém conseguiu fazer alguma coisa. Até que apareceu Jesus.




O gol brasileiro aos 19min de partida foi uma pintura. Nos fez rapidamente esquecer que, há 5 anos, no minuto 19 de outra semifinal no Mineirão, o Brasil já perdia por 1 a 0 e estava na eminência de levar mais quatro gols ainda no 1° tempo. Teve rolinho de Coutinho, chapéu de Daniel e cruzamento de Firmino. Até que apareceu Jesus e empurrou a bola para dentro. 725 minutos depois de marcar seu último gol pela Seleção — em outubro de 2017, contra o Chile pelas Eliminatórias da Copa da Rússia —, Gabriel voltou a balançar as redes. O menino Jesus ainda deu uma linda arrancada no 2° tempo, levou uma trombada atrás da outra e, sem cair, serviu Firmino, que fez o segundo. A vitória por 2 a 0, enfim, convenceu.

A camisa 9 da Seleção é tão pesada quanto a 10. Já estamos há duas Copas do Mundo sem um centroavante de peso — Ronaldo Fenômeno literalmente foi o último. As pazes de Gabriel Jesus com o gol elevam a esperança de o Brasil voltar a ganhar títulos — o último foi há 6 anos, contra a Espanha pela final da Copa das Confederações, também a última vez que a Seleção jogou no Maracanã.

E Messi? Teve sua melhor atuação na Copa América, mas não foi o suficiente. Deu uma canseira no rival de Espanha, Casemiro, finalizou mais que qualquer um na albiceleste e chutou uma bola na trave de Alison — teve outra, numa cabeçada de Agüero. Mas vai embora com apenas um gol marcado, na seca de não conquistar títulos pela seleção principal da Argentina.

Se de um lado retorna o Messias, do outro temos o retorno de Messi... para casa.