A região africana de
forte comércio de presas de elefantes é conhecida hoje como Costa do Marfim —
Côte d'Ivoire, para ser mais exato. Mas desde a vinda dos navegadores
franceses outras designações foram usadas: Costa dos Dentes, Costa dos Seis
Fios, Costa do Vento e Costa dos Escravos. Contudo, "Costa do Drogba"
seria o nome ideal. O atacante marfinense, além de craque, faz uso da fama para
apaziguar a guerra civil e unir os povos em seu país. Por isso, é idolatrado.
Quando Drogba começou
no banco, o torcedor marfinense sentiu que havia algo de errado. E havia mesmo:
o Japão abriu o placar num arremesso lateral. Honda dominou bem com um pé, se
livrou de Yaya Touré e com o outro soltou a pancada. O gol japonês foi aos
16 do 1° tempo. Aos 16 do 2°, Drogba entrou. E incendiou o jogo.
Logo depois de sua
entrada, Aurier cruzou e Bony, que até então havia errado todas as
finalizações, mergulhou de cabeça para empatar. O time marfinense se inflou de
confiança e foi para cima. O segundo gol parecia replay do primeiro. Cruzamento
de Aurier para, desta vez, Gervinho testar para as redes. A Costa do Marfim virou o placar com dois gols
em dois minutos. E nem foi preciso que Drogba participasse deles.
Mario Balotelli é
apenas o segundo jogador negro da história da Squadra Azzurra. É de se admirar
que tenha virado ídolo em um futebol marcado pelo racismo extremo. A resposta é
simples: gols. Assim como César dava pão e entretenimento para distrair o povo,
Balotelli faz gols para calar os críticos. Seu temperamento difícil é
facilmente observado quando comemora gols — na verdade, quando não comemora. Porém,
fazer um gol numa Copa do Mundo arranca sorrisos até do mais sisudo dos cidadãos.
O primeiro clássico
entre campeões mundiais foi disputado sob o forte calor de 31°C na capital amazonense.
Com a vitória costarriquenha sobre o Uruguai, quem perdesse ali estaria fadado
ao fracasso. A Itália saiu na frente com uma jogada genial de Pirlo, que fez o
corta-luz para o chute certeiro de Marchisio, companheiro de Juventus. A
Inglaterra empatou logo em seguida com a sua tradicional jogada pelos lados.
Rooney cruzou e Sturridge completou na pequena área. Ainda no primeiro tempo,
Balotelli tentou encobrir Hart, mas Jagielka tirou sobre a linha.
A temperatura baixou no segundo tempo, e o jogo cresceu em emoção. Usando as armas inglesas, a Itália chegou ao segundo gol na bola aérea. Candreva cruzou da direta e Balotelli subiu para cumprimentar o ex-colega de Manchester City, o goleiro Hart. Na comemoração, um singelo sorriso escapou do rosto do artilheiro.
Do outro lado,
Rooney bem que tentou, mas não foi dessa vez que saiu o seu primeiro gol em
Copas do Mundo. Um escanteio cobrado por ele, aos 30 do 2° tempo, mostrou que não
era mesmo o seu dia — a bola sequer entrou em campo. A derrota complicou a vida
do English Team, que precisa vencer o Uruguai para não ser eliminado ainda na
fase de grupos. No aniversário da Rainha Elizabeth II, os ingleses deram um
presente de grego à Sua Majestade.