sexta-feira, 21 de março de 2014

1958 | História de Amor

Você acredita em milagres? Então clique aqui e leia o último texto da Copa de 54, "O Milagre de Berna".


Ele, um novato. Ela, uma bela jovem. O amor dele foi imediato. Ela, nem aí. Oito anos se passaram, e ela até que deu um pouco de bola. Inexperiente, ele hesitou. Aí ficaram 12 anos um longe do outro. No reencontro se entreolharam. O coração bateu forte. Ele a cortejou. Ela parecia que ia ceder. Parecia. Confiante, ele se declarou. Ela disse não. E lá se foram mais oito anos de cerco. Ele insistiu. Ela sorriu. E no cenário perfeito — o longo e ensolarado verão sueco —, o Brasil, enfim, conquistou a Copa do Mundo.

A história de amor é antiga, e não há quem duvide do sentimento. Nenhum casal percorreu os séculos com tantas idas e vindas, sem, porém, jamais se separar. Onde um estava o outro estava lá também. Assim tem sido. E será.

Seleção Brasileira concentrada no hotel de Hindas, na Suécia: desta vez, o Brasil não foi a passeio.

 O Brasil começou a construir sua relação vitoriosa com a Copa do Mundo em 1958, na Suécia. Era o Mundial mais importante até então, visto a quantidade de seleções inscritas para o torneio (53). Mas aquela também era a primeira Copa sem o seu idealizador, Jules Rimet, falecido dois anos antes. O futebol estava de luto.

Assim como a Suíça, a Suécia foi escolhida como sede em razão da neutralidade na guerra. Passados 13 anos desde o fim dos conflitos de proporções mundiais, a Europa ainda se recuperava dos efeitos das batalhas.

 A Argentina voltava à disputa, depois de nem sequer participar das eliminatórias desde 1934. Sob o comando do técnico Stábile, artilheiro da Copa de 30, os hermanos superaram Chile e Bolívia na fase qualificatória. Por sua vez, o Brasil passou aperto contra o Peru. Empate em Lima, por 1 a 1, e vitória suada no Maracanã: 1 a 0, gol de Didi.  

Ainda pelas eliminatórias, seleções como Holanda, Espanha, Uruguai e Itália ficaram pelo caminho, alijando da disputa craques do naipe de Di Stéfano e Puskás (naturalizados espanhóis), e Ghiggia e Schiaffino (naturalizados italianos).

 A União Soviética se inscreveu pela primeira vez em um Mundial e se classificou. Do outro lado da Europa, todos os países do Reino Unido marcaram presença — País de Gales, Escócia, Inglaterra e Irlanda do Norte, que disputam as competições de futebol separadamente por uma questão de tradição.

Didi cobra falta e classifica o Brasil para a Copa de 58. O chute ficaria conhecido como “folha seca”.

 Com 16 participantes — número que duraria por cinco Mundiais —, a Copa de 58, de longe, era até o momento a mais bem organizada. O Brasil chegou à Suécia bem cotado, como de costume. Mas desta vez, o elenco promissor mesclava craques experientes e jovens talentos.

Se o time era organizado dentro de campo, fora dele parecia que não. A CBD se esqueceu de mandar para a FIFA a numeração dos jogadores para a disputa do torneio.

Um funcionário do Comitê Organizador da Copa ficou com a função de numerar os atletas. Como não conhecia muito bem os brasileiros, ele identificou os jogadores pelo registro da federação. O goleiro Gilmar, por exemplo, ficou com a 3.

Por coincidência, a camisa 10 caiu na mão de um menino de 17 anos. E ele nem era titular.





Clique aqui e leia o segundo texto da Copa de 58, "O Prenúncio do Rei".