Você acredita em milagres? Então clique aqui e leia o último texto da Copa de 54, "O Milagre de Berna".
Ele, um novato. Ela, uma bela jovem. O amor dele foi imediato.
Ela, nem aí. Oito anos se passaram, e ela até que deu um pouco de bola.
Inexperiente, ele hesitou. Aí ficaram 12 anos um longe do outro. No reencontro
se entreolharam. O coração bateu forte. Ele a cortejou. Ela parecia que ia
ceder. Parecia. Confiante, ele se declarou. Ela disse não. E lá se foram mais
oito anos de cerco. Ele insistiu. Ela sorriu. E no cenário perfeito — o longo e
ensolarado verão sueco —, o Brasil, enfim, conquistou a Copa do Mundo.
A história de amor é antiga, e não há quem duvide do
sentimento. Nenhum casal percorreu os séculos com tantas idas e vindas, sem, porém,
jamais se separar. Onde um estava o outro estava lá também. Assim tem sido. E
será.
Seleção Brasileira concentrada no hotel de Hindas, na Suécia: desta vez, o Brasil não foi a passeio. |
O Brasil começou a construir sua relação vitoriosa com
a Copa do Mundo em 1958, na Suécia. Era o Mundial mais importante até então,
visto a quantidade de seleções inscritas para o torneio (53). Mas aquela também
era a primeira Copa sem o seu idealizador, Jules Rimet, falecido dois anos
antes. O futebol estava de luto.
Assim como a Suíça, a Suécia foi escolhida como sede
em razão da neutralidade na guerra. Passados 13 anos desde o fim dos conflitos
de proporções mundiais, a Europa ainda se recuperava dos efeitos das batalhas.
A Argentina voltava
à disputa, depois de nem sequer participar das eliminatórias desde 1934. Sob o
comando do técnico Stábile, artilheiro da Copa de 30, os hermanos superaram
Chile e Bolívia na fase qualificatória. Por sua vez, o Brasil passou aperto contra
o Peru. Empate em Lima, por 1 a 1, e vitória suada no Maracanã: 1 a 0, gol de
Didi.
Ainda pelas eliminatórias, seleções como Holanda, Espanha,
Uruguai e Itália ficaram pelo caminho, alijando da disputa craques do naipe de
Di Stéfano e Puskás (naturalizados espanhóis), e Ghiggia e Schiaffino (naturalizados
italianos).
A União Soviética se inscreveu pela primeira vez em um
Mundial e se classificou. Do outro lado da Europa, todos os países do Reino
Unido marcaram presença — País de Gales, Escócia, Inglaterra e Irlanda do
Norte, que disputam as competições de futebol separadamente por uma questão de
tradição.
Didi cobra falta e classifica o Brasil para a Copa de 58. O chute ficaria conhecido como “folha seca”. |
Com 16 participantes — número que duraria por cinco
Mundiais —, a Copa de 58, de longe, era até o momento a mais bem organizada. O
Brasil chegou à Suécia bem cotado, como de costume. Mas desta vez, o elenco
promissor mesclava craques experientes e jovens talentos.
Se o time era organizado dentro de campo, fora dele
parecia que não. A CBD se esqueceu de mandar para a FIFA a numeração dos
jogadores para a disputa do torneio.
Um funcionário do Comitê Organizador da Copa ficou com
a função de numerar os atletas. Como não conhecia muito bem os brasileiros, ele
identificou os jogadores pelo registro da federação. O goleiro Gilmar, por
exemplo, ficou com a 3.