
8 de julho de 2014.
Quem diria que, exatos 64 anos depois, numa Copa também no Brasil, a seleção canarinho
conseguiria igualar o placar mais elástico de sua história na competição, mas às avessas?
Numa partida semifinal que bateu todos os recordes negativos em Mundiais, o
Brasil sofreu os mesmo 7 a 1 que imputou aos suecos e disse adeus pela segunda
vez ao sonho do título em casa. O 'Mineirazo' imposto pelos alemães virou de
fato sinônimo de tragédia. E mais: um pedido de desculpas
público aos vice-campeões de 50.
No Mineirão, a
Alemanha conheceu o brado retumbante da torcida brasileira. Com a camisa de
Neymar nas mãos, David Luiz e Julio Cesar entoaram o hino nacional até a última
estrofe, o que fez o goleiro Neuer, maravilhado, aplaudir o canto à capela. A
partida nem havia começado e o Brasil recebia pela última vez uma salva de
palmas. Em campo, foram os alemães os únicos dignos de aplausos.
Luiz Felipe Scolari
apostou em Bernard como substituto de Neymar, imaginando que o camisa 20 da
Seleção poderia ser o novo Amarildo. No entanto, o comandante tupiniquim
esqueceu-se de que Neymar não é Pelé e, sobretudo, que aquele time de 62 ainda
tinha Garrincha — a verdadeira alegria nas pernas. A escolha equivocada
mostrou-se um convite para o meio-campo alemão, com Khedira, Schweinsteiger,
Özil, Kroos e Müller, engolir Luiz Gustavo, Fernandinho e Oscar. A supremacia
em número de jogadores no setor por si só já constituía um fator determinante
para a vitória alemã.
Ainda assim, o
Brasil teve três minutos de lampejo: o chute de Marcelo saiu rente a trave de
Neuer. Depois, o que se viu foi totalmente constrangedor. Müller,
solitário na entrada da pequena área, fez o primeiro na cobrança de
escanteio de Kroos. A Alemanha seguiu soberana no gramado, e em seis minutos — de pesadelo —, acabou com 64 anos de sonho.
Aos 23, não era só o 2 a 0 no placar; era o décimo sexto gol do novo recordista em Copas, Miroslav Klose. Vieram mais três
gols em sequência, como se a Alemanha estivesse jogando com os índios pataxós
de Santa Cruz Cabrália. Em ritmo de treino, tabelando e fazendo linha de passe,
Kroos anotou duas vezes e Khedira fez mais um. Em 18 minutos, a Alemanha havia
marcado cinco gols. Aos 30, centenas de torcedores brasileiros já tinham
deixado o Mineirão. Aos 45, a Seleção saiu de campo vaiada pela primeira vez na
Copa. Chocado, o País assistia à maior humilhação na história do futebol
brasileiro.
No segundo tempo — inútil
—, o Brasil tentou mostrar um pouco de dignidade, enquanto a Alemanha
demonstrava clemência. Com Oscar e Paulinho, a Seleção obrigou o goleiro Neuer
a fazer três boas defesas, com tranquilidade. Poupando-se para a final, os
germânicos mudaram. Mas nada de tirar o pé: Schürrle fez mais dois e deixou o
placar envergonhado com os 7 a 0. No minuto final, Oscar marcou o gol da pouca honra que sobrara. Com uma derrota acachapante, a Seleção Brasileira deixou o
campo sob lágrimas — tão polêmicas durante o torneio, mas agora totalmente
compreensíveis.
Diante de toda essa
catástrofe, pelo menos um saldo é positivo. O goleiro Barbosa não será mais
lembrado como o grande vilão do Brasil em Copas.
Li uma crônica excelente do Luís Fernando Veríssimo, na qual ele dizia que “(...) Até os 7 a 1 foi um desastre, um vexame, um escândalo — tudo que saiu nos jornais. Mas ainda estava dentro dos limites do concebível. Era cruel, era difícil de engolir, mas era um escore até com precedentes, inclusive na história das Copas. Mas se os alemães tivessem feito mais três gols, apenas mais três, entraríamos no terreno do fantástico, do inimaginável, da galhofa cósmica. A única reação possível a um 10 a 1 seria uma grande gargalhada, que nos salvaria do desespero terminal. Nada mais teria sentido no mundo, portanto nada mais nos afligiria, e todos estariam perdoados, inclusive o Felipão e a CBF, absolvidos pelo ridículo. Mas não tivemos nem a benção de perder de 10.”
ResponderExcluirÉ a mais pura verdade! Seria bem melhor ter perdido de dez. Ou quinze! Vinte! Quando a Alemanha começou a encher minha segunda mão, eu queria mais! Queria gol de voleio do Neuer! Queria ver os alemães chamando os brasileiros pra dançar. Queria ver os brasileiros levando chapeuzinho. Uma sensação sadomasoquista, estranha, reconheço.
Só mesmo assim, traumático, pra reconhecer que foi histórico e que significa o fim de algo e o início de outro. Perder só por 1 ou 2 a 0 seria uma derrota triste, porém aceitável. Qualquer explicação seria engolida. A ausência do Neymar e do Thiago Silva serviria de desculpa, encontraríamos um novo Ghiggia ou um novo Barbosa, tudo faria o completo sentido e o tempo se encarregaria de varrer a tristeza.
Link da crônica completa: http://esportes.estadao.com.br/noticias/geral,os-seis-minutos-imp-,1526280
"Final. E Argentina e Alemanha farão a grande final no domingo. Todos torcendo pela América contra a Europa, nossos irmãos continentais contra os nossos algozes, nossos colonizados contra os senhores do mundo etc. A esta altura, só nos resta a hipocrisia."
ResponderExcluirGenial.
Ué??? Vcs não estavam todos empolgadinhos com a seleçãozinha brasileirinha???Mudaram de opinião só após a derrota? Não vão mais cantar o hino e chorar de emoção? Agora é fácil falar mal da seleçãozinha...quero quer quem tinha coragem de falar mal antes....Quero ver quem tinha coragem de falar que a seleção da cbf não joga mais futebol brasileiro há mais de 20 anos.
ResponderExcluirBando de hipócritas
Quero ver quem tem coragem de mostrar a cara na hora de criticar.
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