terça-feira, 10 de junho de 2014

Grupo C | Grécia

Heróis e o 'Mito'





A torcida helênica é considerada uma das mais fanáticas do mundo. Clubes como Olympiakos, Panathinaikos e PAOK costumam levar multidões aos estádios e sua presença em competições europeias é constante. Nesta temporada, por muito pouco, o mais popular deles, o Olympiakos, não eliminou o Manchester United da UEFA Champions League. Entretanto, é importante ressaltar que clubes tradicionais de Atenas e Salônica, como AEK, Iraklis e Aris, encontram-se em crise, disputando o Campeonato Nacional em divisões inferiores.

Um torcedor maldoso diria que a proposta da Grécia no futebol é fazer deste um esporte chato. Isso porque a estratégia alvianil passa por se fundamentar em um sistema de defesa dos mais sólidos, com pouca criatividade ofensiva, propensa a impedir que o jogo do adversário se desenvolva a qualquer custo. Ciente de suas limitações, as esperanças da seleção grega passam, em primeiro lugar, por tomar a menor quantidade possível de gols, e, eventualmente, conseguir anotar um ou outro na frente.

Jogadores gregos comemoram a classificação para a Copa se jogando no gramado do Karaiskakis Stadium, em Piraeus, depois de vencerem a Romênia por 3 a 1 no mata-mata europeu.

















Historicamente, pode se dizer que a Grécia aproveitou a única oportunidade que teve para alcançar um título de expressão, a Euro 2004. Como azarão, se aproveitou de más atuações das favoritas e de oportunismo para superar os anfitriões portugueses. Um festival de 2 a 1 e 1 a 0. Resultados bem ao seu molde.

A estreia grega em Copas se deu somente em 1994, nos Estados Unidos. Contra Nigéria, Bulgária e Argentina tomou dez gols, incluindo o último de Diego Maradona em Mundiais, eternizado por sua comemoração em frente às câmeras. Por sua vez, não fez nenhum tento.

Voltou apenas em 2010. Em seu caminho, Argentina e Nigéria novamente. Dessa vez, porém, conseguiu seu primeiro êxito, batendo os africanos por 2 a 1. Uma esperada derrota para os platinos e outra para os sul-coreanos, ambas por 2 a 0, decretaram a despedida da Ethniki.

Sorte é outro aspecto que pode colocar na conta do time mediterrâneo. Nas Eliminatórias para 2014, conquistou a segunda colocação no certamente mais fácil dos grupos, com Bósnia e Herzegovina (primeira colocada), Eslováquia, Lituânia, Letônia e Liechtenstein. Na repescagem continental, encarou a hoje fraca Romênia, num dos melhores cruzamentos possíveis.

ESSE CONHECE: O atacante Konstantinos Mitroglou, o "Mito", para os íntimos, é a esperança de gols numa equipe recheada de jogadores defensivos. Marcou 3 gols nos confrontos com a Romênia. 



















No Brasil, uma vez mais, a Grécia entra num grupo palatável. Longe de ser favorita, é verdade. Colômbia, mesmo sem Falcao García, Costa do Marfim e até mesmo o Japão podem ser consideradas seleções melhores. Mas, paradoxalmente, a força de sua defesa pode fazer com que um ou outro 1 a 0 sejam possíveis. Além disso, o equilíbrio do grupo enseja a análise de que uma classificação ao mata-mata não deve necessariamente ser encarada como algo surpreendente.
         
À disposição do técnico português Fernando Santos, grande conhecedor do futebol local, alguns nomes de destaque. Um time experiente, com os intermináveis meias Katsouranis, do PAOK, e Karagounis, do Fulham, e uma atenção toda especial ao bom zagueiro Torosidis, da Roma. Pelo lado esquerdo, o greco-uruguaio nascido na Alemanha, Holebas, do Olympiakos, destaca-se como um grande adepto do futebol-pancada.

Ainda há o ataque traiçoeiro com o carequinha Salpingidis, do PAOK, e Mitroglou, do Fulham. Existe também a possibilidade da entrada do desajeitado Samaras, do Celtic. Mas aí é que os gregos não irão se desprender, nem por um momento sequer, de sua proposta de defesa total, proporcionando, ao mesmo tempo, alguns dos jogos mais enfadonhos do torneio.

Se depender da tradição, os heróis virarão mitos, e o Mito será o artilheiro de um lance só.


FIQUE DE OLHO: o zagueiro Vasilios Torosidis terá a dura missão de parar o marfinense Drogba, o japonês Kagawa e o colombiano Jaime Rodríguez. Um bom desafio para o bom zagueiro da Roma. 






















NO ESQUEMA: 4-5-1

Variando o 4-4-2 para um 4-5-1, o técnico Fernando Santos prioriza a proteção de sua defesa. Samaras e Salpingidis, abertos, cumprem também funções defensivas. No fim das contas, o atacante Mitroglou é um oásis em meio a tantos marcadores.


4-5-1 (clique para ampliar)


Histórico em Copas (clique para ampliar)









Adriano 'Carica',
sofredor, torcedor do Vasco e da Lusa, se acha o mais paulista dos cariocas





Nenhum comentário:

Postar um comentário