domingo, 8 de junho de 2014

Grupo F | Nigéria

Verão em Atlanta





Era verão em Atlanta quando o Brasil fez 1 a 0 antes de dois minutos, virou o primeiro tempo ganhando por 3 a 1 e Dida defendeu um pênalti. Era verão em Atlanta quando, mesmo assim, o Brasil perdeu o jogo. Nunca havia sido tão fácil chegar numa final. Nunca havia sido tão catastrófico não chegar numa final. Naquela tarde melancólica, que marcou mais um papelão olímpico brasileiro, a Nigéria foi para a decisão. E conquistou o título de 96.

Se o Brasil tinha Rivaldo, Bebeto, Ronaldo e Roberto Carlos — que fez um gol contra —, a Nigéria tinha Okocha, Babangida, Amokachi e, claro, Nwankwu Kanu. Foi de Kanu o gol de empate no último lance da partida. Foi de Kanu o "gol de ouro" na prorrogação, que tornou o jogador famoso tão rápido quanto a eliminação brasileira. E com aquele mesmo sorriso debochado com o qual comemorou os gols sobre o Brasil — dançando —, ele encarou a morte.

Kanu contra Roberto Carlos. O nigeriano, hoje, gerencia uma fundação que cuida de crianças em regiões carentes da África.























Operado por causa de sérios problemas cardíacos, Kanu foi obrigado a ficar longe dos gramados por um ano. Voltou desacreditado para o futebol, mas sobreviveu à desconfiança. Começando uma etapa de muitas idas e vindas pelo futebol inglês, Kanu retornou também à seleção, e participou dos fiascos de 2002 e 2010. Depois da eliminação precoce na Copa da África do Sul, um escândalo veio à tona.

Um jornalista nigeriano especulou que Kanu havia fraudado a própria idade: em vez de 33, ele teria 42 anos — nada foi provado. A questão da falsificação de documentos não era novidade no país, visto que a Nigéria era uma potência nas competições de juniores. No entanto, as acusações fizeram a seleção principal, envelhecida em 2010, rejuvenescer três anos para a Copa das Nações Africanas de 2012. O time que participou ano passado da Copa das Confederações tinha, em média, 24, 2 anos.

ESSE É O CARA: John-Obi Mikel quer repetir em 2014 as boas atuações da Copa das Confederações de 2013.


















Ainda que as idades tenham diminuído, os talentos ficaram escassos. A seleção nigeriana carece de meias criativos como Jay-Jay Okocha, ou atacantes clássicos como Yekini. Reserva no Chelsea, John Obi Mikel é quem talvez mais se aproxime de um jogador de referência: é ele quem dita o ritmo de jogo, ainda que seja um volante, não um homem de criação.

Victor Moses é outro nome bastante badalado, mas o jogador do Chelsea — emprestado ao Liverpool na última temporada — nem de longe lembra o incisivo Babangida. De certo, a Nigéria de 2014 leva mais vantagem pelo grupo em que se encontra do que pelo elenco propriamente dito. Mas observando as campanhas dos dois últimos Mundiais que participou até mesmo uma terceira colocação não seria mau negócio.

Pior mesmo é imaginar que, naquele verão em Atlanta, a equipe olímpica brasileira talvez tenha perdido para um time de veteranos da Nigéria.

FIQUE DE OLHO: Shola Ameobi jogou as divisões de base pelo English Team, mas preferiu atuar pelas Super-Águias. O atacante foi um dos destaques do Newcastle United nesta temporada.




















NO ESQUEMA: 4-1-3-2

O técnico Stephen Keshi acredita que atacar é melhor que defender — talvez por ter convivido com Okocha e Cia durante a Copa de 94. Para isso, joga com até três atacantes sem posição fixa, Musa, Emenike e Ameobi, enquanto Moses cai pelas pontas e Mikel municia toda essa turma.


4-1-3-2 / 4-4-3 (clique para ampliar)








Histórico em Copas (clique para ampliar)






















Marcelo Martensen,
publicitário, tem vinte e sete anos






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