
Messi provavelmente
sabia disso. Sabia que herdara a camisa dez do Pibe, e que deveria honrar aquele
manto. Em sua terceira Copa, Messi começa a despontar não só como artilheiro,
mas como o homem que tem levado a Argentina praticamente nas costas — assim
como Maradona fez em 86, em seu terceiro Mundial.
O duelo com a
Nigéria é antigo, e teve mais um capítulo de intensa disputa em 2010. Na
ocasião, o goleiro Enyeama fez de tudo e mais um pouco para não ser vazado por
Messi. Foram oito arremates de "La Pulga" e nenhum deles entrou — o gol da vitória
argentina foi marcado por Heinze.
Porém, na
versão 2014 do confronto, Messi só precisou de um chute para vencer Enyeama, aos 3. Mas
nem teve tempo de comemorar. Aos 4, Musa empatou para as Super Águias.
Messi não se abateu, e no finzinho do primeiro tempo marcou seu segundo gol, cobrando falta. Enyeama nem se mexeu.
Quando Musa, aos 2
da etapa complementar, marcou outro gol e igualou mais uma vez o marcador,
Messi descobriu que seu duelo não era com o goleiro nigeriano. No entanto, não foram
os pés do craque argentino que decidiram o jogo. O pé salvador, na verdade, foi um joelho. Na
cobrança de Di María, o lateral-esquerdo Rojo subiu para cabecear, mas só conseguiu esticar o joelho para empurrar a bola no gol. Foi o ato final de uma batalha bem disputada.
Carregada por
Messi, a Argentina venceu a terceira seguida na Copa. Mas fica evidente que
a defesa dos hermanos não acompanha o resto do time. A Argentina é uma equipe
muito perigosa do meio para frente; também do meio para trás. Resta saber
quem vai fazer mais a diferença: os gols de Messi ou as falhas da zaga.
Pode uma seleção sem nenhum gol marcado disputar uma vaga na segunda fase da Copa do Mundo? Pode. Mas não merece. Com reais chances de classificação pela primeira vez em sua história, o Irã encarou a já eliminada Bósnia, em Salvador, dependendo de si e de uma vitória da Argentina — os hermanos fizeram a parte deles. Só faltou avisar aos bósnios, que exerceram pressão desde o início do jogo e, com méritos, construíram um placar honroso para sua despedida.
A chuva veio, mas não foi a chuva de gols com que o torcedor baiano está acostumado (média de 5,66 por partida nessa Copa). Džeko, enfim, marcou o seu. Mas o sabor amargo da derrota para a Nigéria, com um gol dele mal anulado, ainda vai ficar por muito tempo na memória dos bósnios. Os persas, em último lugar no Grupo F, retornam para Teerã ao menos com um golzinho na conta.
CLASSIFICAÇÃO FINAL
DE LETRA NA ARENA
Robson Almeida no Beira-Rio
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